sábado, 22 de março de 2008

CONSCIÊNCIA AMBIENTAL E NOVOS VALORES SOCIAIS

Transcremos a seguir artigo do brilhante ambientalista Antídio Teixeira.


"Quem acompanha o noticiário com freqüência sabe que a degradação ambiental no mundo está crescendo dia-a-dia e se manifestando com significativas alterações nos fenômenos que deveriam estar dentro da normalidade. Chuvas torrenciais alagando cidades, deslizando encostas, destruindo casas e fábricas e interditando estradas e aeroportos. Ciclones e tornados arrematando a destruição também nos campos, impondo significativos prejuízos na lavoura com reflexos na pecuária. Fenômenos como estes, ocorrendo sobre cidades super povoadas como Rio de Janeiro, São Paulo, México, Tóquio, Nova York ou qualquer outra de grande porte, como ocorreu em Nova Orleans, geram prejuízos incalculáveis na economia local estendendo-se pela mundial já que ela é globalizada. São fenômenos que atingem determinadas regiões se alternando com outras, em diferentes épocas e são imprevisíveis. Porisso, enquanto uma menor parte da humanidade é atingida por uma destas calamidades ocasionais, o restante do mundo, em aparente segurança, contempla e lastima a agonia das vítimas vendo pela televisão, ou lendo jornais, tranqüila e confortavelmente recostado em sofás ou nos cafés matinais na beira de piscinas. Esta pseudo-segurança que estes sentem é efêmera e está se diluindo e escoando pelo ralo empurrada pela violência social que cresce assustadoramente diante das autoridades responsáveis, estas cada vez mais fragilizadas pela redução de recursos que são corroídos pela corrupção epidêmica. Observem que no nosso país, apesar da arrecadação de impostos e taxas ser cada vez maior, o retorno em benefícios sociais são cada vez menos suficientes. Saúde, educação e segurança no caos; o Congresso Nacional só vota leis que favorecem aos seus membros ou aos seus grupos eleitoreiros; e o Judiciário afogado num atoleiro burocrático do qual seus componentes não parecem interessados em o libertar. Não podemos avaliar a extensão do caos em andamento medindo os problemas nestes ou naqueles países. Isso porque, enquanto uns, como o nosso, apresentam indicadores de melhoria econômica por produzirem mais e, com isso, estarem contribuindo para amenizar a fome que cresce no mundo, outros são alvos das inclemências na Natureza ou da submissão militar a países mais poderosos para lhes subtrair riquezas naturais. Com a economia globalizada, a baixa produtividade agrícola, há muito tempo sentida nos países ricos dada a exaustão do solo e das alterações climáticas, acrescida dos prejuízos causados pelas intempéries urbanas e rurais são rateados entre os países interdependentes no mesmo sistema econômico, motivando conflitos entre eles. Medidas preventivas eficientes já deviam ter sido tomadas há décadas pelas autoridades, com desestímulo ao consumo supérfluo e racionalização do uso das fontes energéticas; porém, o que registramos como iniciativa delas em todo o mundo, foi o incentivo ao desenvolvimento agrícola e industrial para suprir necessidades artificiais implantadas pela mídia na consciência dos que podem pagar, mas que criam fortes desejos entre os que não podem e que, por sua vez, cobram a satisfação para elas através da violência. Já passou do tempo para que a população mundial fosse conscientizada da gravidade da situação e estivesse se mobilizando para reduzir, gradativamente, o consumo de produtos e serviços não essenciais à vida. Estes, beneficiam apenas, as minorias dominantes que dispõem de recursos, mas a
Natureza já não tem capacidade para absorver e reciclar os resíduos gerados para satisfazer suas extravagâncias consumistas lançados no meio ambiente e cuja pureza é essencial para manutenção da vida de todos os seres animados. E, com isso, promovem o sofrimento das maiorias deserdadas e a instabilidade social por toda parte. É necessário que todo cidadão se torne lúcido e observe que o sistema financeiro que o mundo abraçou como sendo econômico é, na realidade, um voraz jogo de azar compulsivo e dependente do aumento contínuo do consumo para mantê-lo ativo; e que as fichas apostadas foram obtidas em troca de toneladas de CO2 lançadas no pano verde do meio ambiente. Ocorre que: “qualquer produto consumido ou serviço utilizado causa o consumo de alguma forma de energia que é gerada em qualquer parte do mundo; e a maior parte delas é obtida da queima de combustíveis fósseis ou de desintegrações atômicas, ambas altamente poluentes, embora esta última, no momento, esteja em período acumulativo de rejeitos que, um dia, transabordará e afetará a existência de nossos descendentes”. É claro que ninguém deve fazer o sacrifício de fome como se vê, por necessidade econômica, em alguns países da África ou da Ásia, mas todo consumo ou serviço que puder ser evitado não só beneficiará a economia pessoal de quem a fez, assim como dará mais tempo à Natureza para se recompor dos estragos que lhes foram causados pelo consumismo inconseqüente e irresponsável nos últimos 250 anos.

NOVOS VALORES SOCIAIS

Esta década que marca o início de um novo século e também do 3º milênio, certamente marcará o nascimento de uma nova ordem social na qual todo cidadão deverá ser estimulado e capacitado para entender o mundo em que vive e as limitações individuais, sociais e globais. Novas regras comportamentais deverão ser estabelecidas numa base social autocomandada e orientada pela elevada capacitação intelectual de seus componentes, bem mais esclarecida sobre o assunto do que os atuais dirigentes políticos; uma verdadeira democracia. Isso porque, os recursos tecnológicos de informação deverão ser utilizados para esclarecer os povos quanto às limitações impostas pela Natureza a fim de que todos possam adequar a satisfação de suas necessidades e seus procedimentos aos recursos disponíveis sem comprometer a estrutura ambiental. Será o que hoje batizaram como “sustentabilidade” global. Como primeiro passo para esta marcha, sugiro o debate das causas do desequilíbrio vital no meio ambiente atual. Tenho opinião própria formada em mais de 30 anos de observações, a maior parte delas desatreladas da “ciência”, descrita em sucinto trabalho intitulado “Cartilha Ambiental Popular”. Esta em vias de ser editada numa apresentação simples que facilitará o entendimento da causa fundamental dos problemas sócio-econômico-ambientais e como eles vêm se desenvolvendo através do tempo; o que devemos fazer para retê-lo e, mais adiante, revertê-lo. Quem tiver interesse em conhecer o esboço, que se manifeste, pois poderei descrever neste Blog em capítulos, mostrando quando e como tudo começou, e como vem se desenvolvendo o desequilíbrio ambiental; e de que forma ocorrerá o caos da Grande Tribulação prevista por Lélis, se não agirmos em tempo.
Antídio Teixeira"

terça-feira, 18 de março de 2008

O JORNAL

Há certas coisas que nos dão a ilusão de existir, mas que não existem. A sua consistência ilusória se deve à crença, à boa fé ou à falta de uma análise racional dos fatos que se relacionam ao objeto. Não nos referimos às habilidosas manipulações executadas pelos mágicos. São dignos de admiração pela agilidade de suas mãos e pelos inteligentes truques concebidos. Mas todos sabemos que aquilo que nos é apresentado no palco não é uma realidade.
A tradição tem mantido para as crianças a existência fictícia da figura do Papai Noel. É uma realidade para os infantes, até o dia em que a idade da vivência lhes impõe a verdade. Adulto algum acredita em Papai Noel. Mas há muitos que crêem em lobisomem, mula-sem-cabeça, duende e outros ícones referentes.
É comum, nos dias atuais, as pessoas se expressarem assim: o rádio disse que fulano é criminoso; a televisão disse que sicrano é ladrão; o jornal disse que beltrano mandou matar. Na verdade, o rádio não fala; quem fala é quem está ao microfone. Da mesma forma, a televisão e o jornal não falam e nem escrevem. Quem fala e escreve é gente. Todos sabem disso, mas no subconsciente fica a imagem de que aqueles objetos é que se manifestam, informam.
Mas o pior dessa associação é que, subjetivamente, ficam sedimentadas no consciente – plantadas como preconceito – a crença e a convicção de que tudo aquilo que chega ao conhecimento humano, através daqueles instrumentos, é uma verdade exata e definitiva.
As pessoas dizem, ante uma incredulidade de terceiros a respeito de algum fato: — Está no jornal! O jornal disse!
Os jornalistas costumam comentar que o jornal X, por ter compromisso apenas com a verdade, tem merecido crédito de seus leitores. Que nele são publicadas notícias verdadeiras; não há falsidades ou invencionices.
O jornal publica fatos verídicos, mas também inverídicos. Publica o que quer e não publica o que não quer, inclusive uma crônica como esta. Fala a verdade, mas mente também. Age sempre de forma tendenciosa, capciosa e facciosa.
E os leitores, em geral, acreditam mesmo. Não percebem que jornal, como plantado em suas mentes, não existe. O que existe é um papel escrito por gente, publicado com nome e notícias. É o objeto, o papel escrito, chamado jornal. O outro jornal, aquele de fé pública e que se proclama como arauto das realidades, este não existe.
Quando nos referimos a jornal, tratamo-lo num sentido amplo, significando a imprensa de modo geral. A falada e a escrita. É a chamada mídia.
Vejamos melhor o assunto. Todo veículo informativo tem um dono, que tem interesses e objetivos comerciais (dinheiro) ou políticos (poder). É preciso que haja uma conscientização nos leitores de que o dono é quem manda. E os jornalistas, que são empregados, devem escrever e descrever de acordo com os interesses do patrão. Isso não é crime. É até natural e lógico, dentro do contexto em que vivemos. Mas entenda-se que assim é.
Há, de fato, uma empresa jornalística, e todos têm que trabalhar em consonância com os interesses do dono. Jornal, portanto, é um objeto utilitário, como outro qualquer. Jornal não é fonte divina de certezas e nem relicário de verdades e purezas idealísticas.
É comum defrontar-se com notícias recheadas de verbos no modo condicional ou com expressões tais como “consta”, “segundo parece”, “conforme informes de fonte segura”, e outras que tais. Isso denota que o jornalista não tem certeza do que está noticiando, ou que está traduzindo um fato segundo seu próprio entendimento. Indica, também, que torce para que tais coisas ocorram de acordo com suas preferências ou interesses. Pode ainda sinalizar que a notícia é inventada.
Essas considerações se ajustam, infelizmente, a todos os veículos informativos de todos os países e regimes políticos.
Bem ou mal, com as ressalvas acima, tais instrumentos são necessários no mundo atual, mas há necessidade de que os leitores saibam utilizá-los com espírito crítico, passando todas as informações pelo crivo da razão, da lógica e do bom senso.
Triste é ver como tantos são manipulados por tão poucos. Triste como uma mentira pode destruir corpos e mentes de puros, esperançosos e simplórios cidadãos, como se verifica através das ocorrências que a História registra.

domingo, 2 de março de 2008

O INDIVIDUAL E O COLETIVO

O eminente ambientalista Santaum expôs em seu blog uma situação paradoxal que é a constituída pelo que os ambientalistas pregam e pelo que praticam. Aventa ele que o raciocínio do ambientalista se dirige sempre ao coletivo, fazendo recomendações ecológicas que não são seguidas pelo próprio. Notamos que se louva ele na pessoa do ambientalista atualmente em evidência, o Sr. All Gore que, pessoalmente, despende uma soma considerável de recursos naturais para manter uma vida plena de confortos e esbanjamento.
Fica ele na dúvida: “Como o individual vai conscientizar outro individual se um outro individual consome um absurdo? De que adianta para aquele individual abdicar do seu conforto material e terreno se outro individual pouco se importa com isso? Gasta, consome e consome?”
É procedente e altamente lógica sua pergunta. Fizemos uma análise dessa situação incoerente e, depois de longa reflexão, encontramos uma explicação. Baseei minha pesquisa em meu próprio procedimento. Coloquei-me na mente do Santaum e analisei com isenção o paradoxo da situação. Tenho apresentado fartamente argumentos, indicando que a vida superior do planeta está na iminência de entrar em colapso por culpa das atividades econômicas do homem (inclusive eu). Já medi minha pegada ecológica, que deu 2,8 ha./pessoa, ante a média mundial de 1,8 ha./p. A média dos EE.UU., a maior apurada entre os 192 paises, é de 10,4 ha./p. Esclareço que “pegada ecológica” é o resultado de um cálculo matemático pelo qual se apura o espaço terrestre necessário do que se consome e os resíduos que gera.
Na análise que procedemos, verificamos que o fato de eu existir gera desgaste ao planeta acima dos recursos naturais renováveis. Num exame pessoal, confesso que contribuem para isso os seguintes fatos: possuo e uso um automóvel, uma geladeira, um liquidificador, um computador, uma lavadora e secadora de roupa, um televisor, um DVD, 2 telefones, iluminação domiciliar, móveis de madeira. São objetos de consumo para conforto, inteiramente dispensáveis numa situação emergencial como a atual. Se eu os destruir, em consonância com os interesses ecológicos, serei por todos, inclusive familiares, considerado um louco, um excêntrico, um extravagante. Nesse caso, eu teria que me isolar da sociedade e família, tornando-me um eremita, numa situação inteiramente inútil para defender a Natureza. Se esses raros ambientalistas assim procedessem, todos nós formaríamos, no conjunto social, uma classe de parias.
Seriam pensamentos, atitudes, considerações, fundamentos do individual que nada influenciariam no coletivo. Um coletivo básico – família –, digamos de 10 pessoas, recebem ordem, diretriz, coerção, exemplo, norma, mando, de um chefe, o pai de família. Nesse caso, prevalece um procedimento coletivo da família e uns indivíduos não se constrangem nem se deslocam socialmente de outros indivíduos. Há uma unanimidade de conduta.
Nessa ordem de idéias e raciocínio, eu destruiria meus bens citados ao mesmo tempo em que veria os demais individuais proceder da mesma forma. Resultado: ficaríamos todos inseridos numa sociedade sem bens, porque todos teriam o senso da identidade existencial. Mas para isso teríamos que seguir os comandos de um maestro.
Sem a existência de uma autoridade mundial, forte, incisiva, determinada, a cultura da individualidade não se desenvolve rumo à cultura da coletividade. Este o motivo por que nos batemos pela criação de um governo global, que é o primeiro passo para socorrer o planeta.
Esta é uma síntese de arrazoado, porque o assunto é suscetível de ser desenvolvido em diversos afluentes, mas sempre desaguando na necessidade de um coletivo absurdamente enorme conduzido por um único maestro. Já dizia Fayol que o princípio básico de uma administração é a unidade de comando. Isso é perfeitamente observado em assunto militares. Por que não aplicá-lo ao planeta nessa situação de emergência?