domingo, 28 de dezembro de 2008

REAÇÃO ECOLÓGICA NO BRASIL

Um fato que reputo como de excepcional importância para o Brasil e o mundo ocorreu no sul de Mato Grosso do Sul no final de dezembro de 2008. Sinteticamente, foi noticiado no jornal da TV Globo na noite de 27.12.2008. Só. Corri atrás de notícias mais pormenorizadas, mas nada encontrei nos principais jornais do Brasil, inclusive “O Globo”. Pela internete também nada encontrei. Como sempre, a mídia se ausenta em informações importantes, porque contrárias aos interesses econômicos. Essa notícia deveria ser veiculada com fartura, objeto de análises, comentários, com grande repercussão mundial. Mas, como não houve a jogada de uma menina pela janela... Constitui o fato um vívido reflexo dos impactos ambientais que a civilização, em holocausto ao progresso, causa em todos os recantos do planeta.
Os índios daquela região se uniram e atacaram ferozmente o campo de obras de preparo para a construção de uma usina hidroelétrica que, com aprovação do governo, irá trazer mais progresso para o Estado. Queimaram tudo o que encontraram: as construções pioneiras, alojamentos, escritórios, veículos, motores estacionários, instalações elétricas e todo o conteúdo. Não mataram ninguém. Seu objetivo era destruir somente a estrutura já instalada. Apesar de a planta industrial se localizar fora das reservas indígenas, os índios alegaram que as atividades estavam impactando o meio ambiente em que vivem. As obras estavam causando o rareamento dos peixes, dispersão de caça e poluição dos rios, fatores que constituem o conjunto vivencial a que chamamos meio ambiente. Eles, que vivem em contato direto com esses fatores e deles dependem, sentiram na própria pele as conseqüências do chamado progresso dos civilizados. Não tiveram outra opção senão a de reagirem. E o fizeram de forma radical para que não ficassem dúvidas nos burocratas de que os males que estavam causando representam a exclusão de vivência dos homens que habitam aquela região. Isso nos dá a lição também de que a atividade industrial localizada afeta, direta ou indiretamente, todo o planeta. O que comprova a tese de que soluções básicas devem ser globais e não nacionais, pois que, em assuntos ambientais, não existem países; existe o globo terrestre.
Tal como ocorreu na ilha de Bougainville, as reações de nosso homem radicado junto com a Natureza foram uma luta pela sobrevivência. Legítima e justa, portanto. Esta é a linha natural de atitude dos homens quando enxergam, no momento do impacto ambiental, que ou agem ou perecem. Isso indica claramente o que ocorrerá no mundo quando a semântica de desenvolvimento, crescimento, progresso mudar para o seu verdadeiro sentido: destruição e morte.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

CACHO DE UVA

O Nordeste do Estado de Minas Gerais, na bacia do Rio São Francisco, região pobre, possui ótimas terras para a fruticultura, cuja prática vem sendo feita ultimamente. Tal atividade produtiva, preferentemente com o cultivo de uvas de mesa das variedades Rubi e Itália, vem ganhando expressão econômica na região, trazendo positivos reflexos sociais. São produtos de ótima qualidade e boa apresentação.
Quando você, leitor, pousar um belo cacho de uva daquela origem sobre o prato e começar a saboreá-la, apreciando as suas excelências de sabor e perfume, tão características dos produtos daquelas terras, deverá saber que alguns passarinhos morreram em holocausto para que você pudesse usufruir desse sublime momento de prazer.
O custo de produção dessas uvas é um pouco mais elevado naquela região porque figuram investimentos dos fazendeiros em compras de espingardas, cartuchos e atiradores. A contratação de caçadores de passarinhos é necessária para que se possa preservar a incolumidade dos cachos de uva. Os extensos parreirais ficam, desde cedinho, sob a vigilância de devotados vigias armados para que os malditos passarinhos não se vejam atraídos para tais frutos. Não sabemos se é por puro capricho de prejudicar a atividade econômica ou se é por fome mesmo. No início era mais fácil abater esses intrusos porque existiam em bandos compactos. Hoje, isso se tornou mais difícil porque os passarinhos, por serem menos, atacam mais dispersos.
Mas o custeio dessa fruta vem dando bons resultados porque as despesas de abatimento das aves daninhas diminuíram, pois agora são raros os passarinhos ainda existentes. O ideal econômico é quando não existirem mais pássaros tão prejudiciais. Nesse caso, eliminam-se gastos e baixam-se os custos o que, no objetivo salutar da estratégia econômica, redunda em melhor comercialização, trazendo progresso para a região e benefícios para todos: produtores, comerciantes, transportadoras, governos, país, sociedade, em harmonia com os objetivos do desenvolvimento sustentável.
Na região paulista produtora de uvas de mesa, os fazendeiros não têm esses inconvenientes, pois se trata é um território evoluído, adiantado, progressista, rico, porquanto ali não mais existem passarinhos. Aliás, nem árvores onde poderiam construir seus ninhos para procriar.

É assim que o planeta vem sendo destruído. Cada um fazendo a sua parte. Primeiro o homem elimina os danosos passarinhos; depois o desequilíbrio ambiental elimina os superdanosos homens. Segundo informações dos cientistas, há atualmente 15.501 espécies vivas em perigo de extinção. Esses dados não são corretos. Esqueceram de incluir a espécie humana. Somos 15.502 espécies vivas em perigo de extinção.
Bom proveito na degustação desse cacho de uva. Que ele lhe faça bem à sua saúde corporal e ao seu espírito.

domingo, 21 de dezembro de 2008

AURORA DA ESPERANÇA

O premio Nobel Steven Chu, designado secretário de Energia do governo Barack Obama, juntamente com seus colegas das áreas de Agricultura e Meio Ambiente, comungam o mesmo pensamento realista a respeito do momento ambiental por que passa o planeta. Eles dão amplo apoio a um estudo de outubro de 2007 sobre energia , elaborado pela InterAcademy Council que congrega as principais academias científicas do mundo. Alí, põem em destaque o combate aos combustíveis fósseis, redução de dependência ao petróleo, busca de solução global e empenho em novas fontes de energia. Tal estudo conclui que a utilização da energia fóssil é insustentável. O relatório pertinente já está em fase de execução em diversos paises mais conscientes da situação, inclusive a China, mas não no Brasil, onde recebe o tratamento burocrático e dispersivo, próprio de nossa tradição governamental.
A governança Bush desconhece o importante relatório, naturalmente porque não menciona armas ou ações militares. No entanto, a equipe pertinente dos Estados Unidos, nomeada pelo novo presidente, está se estruturando para dar início às providências concretas a partir de 20 de janeiro de 2009. Pelas nomeações feitas e à vista dos projetos que vêm sendo montados, percebe-se claramente que Obama tem consciência de que a mudança climática é emergencial, exigindo ação ampla, solidária e global.
Esses fatos nos fazem vislumbrar os primeiros raios de esperança em ações de um governo responsável, condizente com a realidade ambiental. Tomara que os acontecimentos e providências da mais importante nação do mundo caminhem no rumo sério, racional e efetivo que os homens de consciência ambiental e o planeta pedem.
Consideramos que esses primeiros passos podem provocar a aglutinação dos paises por interesses comuns – porque comum é o planeta – advindo daí um organismo atuante de caráter mundial. Os tempos vindouros estão mostrando uma aurora de esperança.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ENXUGANDO GELO - IV (conclusão)

Publicamos abaixo as considerações finais do nosso colaborador e ambientalista Antidio S. P. Teixeira. Esperamos que os leitores, mediante a sua leitura e meditação, se conscientizem da gravidade por que passa a saúde ambiental do nosso planeta.

"Como já foi demonstrado, a utilização de matéria fossilizada como combustível deu origem à Revolução Industrial; e esta desenvolveu, como excrescência, um sistema de domínio político predatório ao meio ambiente calcado no consumo supérfluo:
“o capitalismo, transvestido em sistema econômico”.

Até então, os estilos de vida entre os povos eram rudimentares; predominava a atividade artesanal e produzia-se em maior escala, apenas, o que era essencial à vida. A camada protetora de ozônio estava intacta, era muito mais espessa e suas reservas sobre os pólos elevavam-se acima das linhas de sombras da Terra em cada pólo captando, mesmo nos invernos, calor permanentemente para manter a integridade do gás protetor. As fontes de energia poluentes com base na biomassa silvestre, eram renováveis, uma vez que as áreas florestais devastadas eram recompostas naturalmente por si mesmas. Com a queima de combustíveis fósseis, o carbono foi guindado das entranhas da Terra e, agora, combinado com o oxigênio formando CO ou CO2, foram lançados sobre as regiões equatoriais, onde ficaram retidos e foram se acumulando enquanto rebaixavam, gradativamente, as reservas polares, fazendo com que as cristas atmosféricas das reservas mergulhassem nas sombras da própria Terra, com perda da captação de calor nos invernos. O ozônio, perdendo a insolação temporária, resfriando-se abaixo do ponto crítico, vem retomando a sua forma molecular primitiva de oxigênio e compensando o déficit ocasionado pela queima intensiva de combustíveis em geral, para atender a demanda energética natural e a que passou a se exigida para fomentar o progresso.
Tanto maior a demanda de oxigênio, seja ele para suprir a respiração dos seres animados, para a degradação natural da matéria orgânica morta ou para alimentar as combustões para fins energéticos, ele é suplementado pelo ozônio da camada protetora da Terra, depois de revertido nas mais altas camadas atmosféricas polares, durante as gélidas noites de inverno nos pólos.
Por isso, temos o adelgaçamento gradual do escudo protetor, partindo dos pólos na direção dos trópicos, e o conseqüente espessamento da camada de gases pesados resultantes das combustões, sobre as regiões intertropicais. Tais gases, em maiores volumes sobre as ditas regiões, absorvem e concentram os raios infravermelhos, mantendo a atmosfera superaquecida ao que chamamos de “aquecimento global” ou “efeito estufa”. Enquanto isso, as camadas de ozônio acima do Trópico de Câncer e abaixo do de Capricórnio tornam-se mais permeáveis aos raios ultravioletas, degradador dos microorganismos iniciadores da cadeia alimentar agrícola e, conseqüentemente, da pecuária. E seus efeitos já estão sendo sentidos na escassez de alimentos e dando início à agitação social com gravidade previsível para todo o mundo.
Com as mudanças climáticas de formas aleatórias às previsões tradicionais, a ação de fenômenos naturais muda de lugares surpreendendo regiões despreparadas para recebê-los, tanto em qualidade como em intensidade como a onda de calor que matou milhares de pessoas na Europa em 2.003; as enchentes que ocorreram no meado deste ano (2.008) na região central dos USA, quando a agricultura e imóveis rurais foram devastados por chuvas nunca, antes, vistas na região. Mais recentemente no estado de Santa Catarina; e, ainda os incêndios e secas que vêm ocorrendo em outras partes do mundo. O somatório destes prejuízos, juntado aos crescentes custos de produção determinados pela utilização de energia obtida de combustíveis fósseis, e de matérias primas utilizadas, ambos, extraídos em maiores profundidades e/ou distâncias de novas jazidas, e ainda, as despesas com medidas preservacionistas do meio ambiente, inviabilizam a continuidade deste sistema “econômico” que proporciona à minoria dominante estilos de vida incompatíveis com a própria natureza humana, as custas dos direitos de subsistência natural dos excluídos sociais de seus direitos de sobrevivência natural em liberdade. O momento é de decisão: “ Morrer com a paixão ou sobreviver com a razão”.

PS.- Depois de lida e assimilada esta exposição em quatro capítulos, espero que vocês tenham entendido o porque da necessidade de conscientizar a humanidade de consumir apenas, o que for essencial à vida e empreender um programa de reajustamento da população mundial aos recursos naturais da Terra, através do controle e seletividade da natalidade em nome da sobrevivência dos seres animados como nós. Claro que isso será tarefa para muitas décadas, porém, é o único caminho que a razão nos aponta. Se este movimento não tiver o início já, de nada adiantará seus esforços para salvar os seres das florestas e dos mares porque vocês estarão, apenas, “enxugando uma montanha de gelo”.
(Oportunamente falaremos, de forma compreensível, sobre a
“energia” presente em tudo e em todos.)"

domingo, 14 de dezembro de 2008

VENDILHÕES DO TEMPLO

Realizou-se em 23.11.08, em Foz do Iguaçu uma conferência internacional para debater o problema ambiental. Muitos discursos, onde foram louvados os desenvolvimentos sustentáveis e nada de concreto foi realizado. Participaram pessoas sem qualquer poder de decisão. Mas foi marcado novo encontro para o ano 2009.
Poucos dias depois, de 26 a 28.11-08, realizou-se outra conferência internacional em Belo Horizonte intitulada “Diálogos da Terra”, com apoio e patrocínio do governo mineiro e grandes empresas, as quais foram homenageadas por adotarem comportamentos sustentáveis. Eu compareci a essas reuniões nos três dias. Ouvimos belos discursos e mútuos elogios. Não houve diálogos com a Terra; só monólogos entre os predadores da Terra. Fazendo uma pequena e incisiva intervenção, me propus a falar em nome da Terra para que houvesse, realmente, um diálogo. Terminei minhas palavras (as da Terra), dizendo: “Preciso urgente de um governo mundial para cuidar dos meus interesses. A existência de 176 governos não me cuidam, só me dilaceram.” No torvelinho das conveniências dos poderosos – lado político e lado econômico – o pedido da Terra ficou ignorado ante a necessidade de se enganarem, uns aos outros. No final, publicaram a “Carta de Minas Gerais” dirigida à próxima conferência da espécie, a ser realizada no ano seguinte em Istambul. Na carta, na qual se exercita o malabarismo verbal, distribuindo loas a todas as boas intenções, a expressão “desenvolvimento sustentável” é citada nove vezes, “sustentabilidade” referida duas vezes, “sustentável” também duas vezes e “sustentáveis” uma vez. É um primor de faz-de-conta o parágrafo final dessa carta: “... que o sonho de um desenvolvimento sustentável, economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente equilibrado, se faz realidade se continuarmos unidos pelo diálogo, e fortalecidos pela certeza de que é possível mudar, cada um fazendo a sua parte, e acabando com a cultura de esperar que os outros e o governo façam por nós".
Participaram da reunião pessoas sem qualquer poder de decisão mundial.
Terminou em 13.12.08, em Poznan, Polônia, a 14ª. reunião promovida pela ONU para discutir os assuntos climáticos mundiais, fundados na proposta conhecida como 20-20-20. Resultado: ficou tudo como está. O acordo prático é o seguinte: redução de 20% na emissão de CO2 com base nos níveis de 1990. Ora, isso equivale a zero. As discussões puseram em evidência que qualquer ação concreta em favor do meio ambiente equivale a prejudicar os objetivos empresariais. Mas é lógico! Pois as atividades econômicas são a causa do malefício ambiental! A solução foi a de sempre: adiar, adiar. Até quando? Até quando a corda arrebentar. Aí não vai ter mais jeito. Ali houve muita discussão, inclusive troca de confetes pela qual o Brasil foi elogiado pelas medidas ecológicas, o que deve ter enchido de vento o ego do representante brasileiro. Nós aqui do Brasil sabemos desses elogios: desmate acelerado, agora sem multa, tudo livre... Outras medidas paradoxais: O presidente fazendo grande campanha, incentivando e financiando, para que o povo “consuma, consuma mais. É a hora de consumir.” (Oh, Deus, perdoai-lhe porque não sabe o que faz.) Será que não sabe?
Em abril de 2008, o presidente dos EE.UU convocou os presidentes dos principais paises, para uma reunião sobre meio ambiente. Única decisão: por sugestão do Sr. Lula, haverá nova reunião no ano seguinte, no Brasil, para tratar do mesmo problema.
Não vamos indicar, especificamente, mas estão sendo realizadas conferências sobre o problema climático em diversos paises, sempre ADIANDO para a próxima reunião. E quase sempre por pessoas que não têm poder decisório.
Na cabeça dos ricos empresariais, que são representados pela instituição chamada “governo”, deve ocorrer o mesmo que se passa com as pessoas que têm uma vida muito abastada e confortável, mas com sinais de doença mortal: vão adiando a consulta ao médico, adiando exames de laboratórios, adiando procedimentos preventivos, adiando pensar na doença, porque assim prolongam o tempo de vivência boa. Depois... bem, depois... como é mesmo?
Isso se chama atitude irresponsável.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A PRIMEIRA REVOLUÇÃO AMBIENTAL

Nenhum ambientalista que se diga tal pode desconhecer a história recente da ilha de Bougainville, cujo resumo registramos abaixo.
Bougainville é uma ilha no oeste do Oceano Pacífico, com população autóctone de 180.000 habitantes, vinculada outrora ao país Papua-Nova Guiné como província, hoje politicamente autônoma.
Nas décadas de l970 e l980, a maior mineradora do mundo, de capital inglês, chamada Rio Tinto, explorou desbragadamente uma mina de cobre na ilha e que recebeu o nome de Panguna. Entre os problemas ambientais que a mineração normalmente ocasiona, destaca-se o desmatamento, poluição dos rios com os rejeitos e produtos químicos tóxicos produzidos no processamento, além de infectarem também os córregos e lençóis freáticos.
Todos os interessados na mina se beneficiavam, inclusive o governo de Papua-Nova Guiné, menos os habitantes da ilha que viam apenas a destruição de seus bens essenciais à vida, pois esse povo mantinha uma existência simples, harmonizada com os recursos naturais, sem se sentirem atraídos pela materialidade do progresso.
Os ilhéus se organizaram e pediram à diretoria que encerrassem a atividade e os indenizassem pelas destruições causadas. Ante tamanha ingenuidade, a mineradora deu de ombros, sabendo que os habitantes eram pobres, desaparelhados e sem poder de força. Além disso, contava a empresa com a cobertura dos governantes a quem pagavam regiamente. O povo, sentindo-se consciente da origem da destruição de seu ambiente, organizou-se e reagiu com ações sabotadoras dos interesses mineiros. Destruíram as redes elétricas, paióis de explosivos, máquinas, veículos e tudo o mais que representasse a mina. A reação foi violenta. O governo de Papu-Nova Guiné mobilizou seu exército contra a população, incendiando aldeias e assassinando os moradores, o que deu origem a uma revolução ampliada, estruturada, vindicatória, na qual as armas dos ilhéus foram a astúcia, heroísmo e finalmente a guerrilha.
Percebendo o governo que não tinha condições de vencer a luta, lançou mão, com ajuda dos governos da Inglaterra e Austrália, de um rigoroso bloqueio de toda a ilha, impedindo a entrada de alimentos e remédios. Esse recurso causou muitas mortes, mas fortaleceu ainda mais os ideais de luta. Nessa situação, os líderes locais se conscientizaram que havia apenas uma saída: uma vivência de interação do homem com o meio ambiente, tornando-se auto-suficientes, com a obtenção na Natureza do mínimo e básico à vida.
Essa luta sacrificante e gloriosa durou 10 anos, de 1989 a 1997. Com a obtenção da autonomia da ilha de Bougainville, mostrou-se ao mundo que não é suave a prevalência dos atos de viver à ganância materialista do poderoso sistema econômico, ao qual os chamados “governantes” lhe emprestam os ares de legitimidade e dignidade, termos absolutamente abstratos frente à realidade dos fatos.
Essa epopéia, única na história mundial recente, dá o exemplo a ser seguido pelo povo do mundo para evitar a desconstrução da Natureza e o conseqüente suicídio coletivo.
Registramos aqui que a multinacional Rio Tinto tem permissão para explorar a mineração na Amazônia brasileira, o que indica claramente a quem os governos representam.
Destacamos que tais fatos, relativamente recentes, não tiveram por parte da mídia a necessária e suficiente divulgação. Ocultar notícias é uma forma de mentir. Que fique o exemplo da “liberdade de imprensa” para quem ainda acredita piamente na candura do diabo travestido de publicidade.
O que relatamos é História real. Fato importantíssimo, havendo desconhecimento geral. Entendo que a luta dos nativos da ilha de Bougainville deve ser divulgada ao máximo entre os ambientalistas, pois ela configura perfeitamente o que nos aguarda no futuro se não houver uma potente e rápida reação.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Utilização de Sacolas de Pano nos Supermercados - Um Novo Engodo Ecológico?

Como bem alerta nosso colega e colaborador Maurício Gomide Martins, tem sido prática constante e crescente, desde o início deste nosso novo século, a utilização do termo "sustentável", para disfarçar e tentar justificar as mais violentas agressões ao meio ambiente, como se, pelo simples acréscimo desse termo ou de um outro também muito em voga, o "ecológico" pudessem ser validadados e aceitos todos os tipos de crimes ambientais praticados pelo homem, no afã de gerar "progresso"(???) e lucros. Daí, surgiram as famigeradas denominações " desenvolvimento sustentável '' e " produto ecológico ", uma espécie de selo de qualidade ecológico que descriminaliza (ou autoriza?) o crime ambiental, levando-o para fora do alcance da lei.


Para ilustrar com um exemplo (existem muitos outros), como este engodo se processa, transcrevemos, abaixo, o brilhante artigo do colega e ambientalista Maurício Gomide, por ele publicado no nosso fórum "Debatendo a Ecologia...", associado a este blog:


============================================================


Vimos recente reportagem dando conta de que, como reflexo da conscientização dos problemas ambientais, tem havido grande incremento na utilização de sacolas de pano, reutilizáveis e vendidas nos supermercados. Conclui a reportagem que, no Brasil, dessa forma, se retira de circulação milhões de sacolas de plástico.


Este é mais um aspecto de divulgação de benefícios e melhorias para o meio ambiente. Tem o mesmo efeito para o meio ambiente que as propagandas de grandes empresas que anunciam suas ações sustentáveis. Mineradoras que extraem o minério de forma sustentável. Bancos que emprestam dinheiro pelo plano sustentável. Inseticidas de ação prolongada e sustentável. Mais uns meses e os professores de português vão ensinar: "sustentável é um sufixo que pode ser usado indiferentemente após qualquer palavra. Por exemplo: sujeira-sustentável, veneno-sustentável, crime-sustentável, polícia-sustentável, economia-sustentável, lucro-sustentável." Ah! estávamos falando das sacolas sustentáveis. Bem, muita gente vai elogiar os cuidados dos supermercados com a sustentabilidade dos invólucros. Acontece que as donas de casa usam as benditas sacolas plásticas para acondicionar o lixo miúdo. Privadas desse utensílio, passarão indubitavelmente a comprar sacolas de plástico em rolo para manter o hábito de aprisionar higienicamente citados lixinhos que toda casa produz. E as donas de casa estarão satisfeitas em adquirir sacolas de pano, porque isso é moda e alivia a consciência. Ao adquirir as outras para o lixinho, contudo, ignorarão "essas bobagens ambientais", fazendo de conta que ninguém vai saber disso, porque não abrem mão da cultura arraigada na alma. E o mundo econômico vai bem e continuará bem, obrigado.


O exemplo das sacolas é apenas mais uma ação hipócrita, cujo objetivo é cegar o povo para não perceber a realidade trágica que se avizinha. Seria o mesmo que tratar um câncer com chá de erva-doce. A civilização atual, assentada em valores econômicos, é indubitavelmente contraproducente. Ela produz veneno mortal que somente pode ser sustado com medidas compatíveis enérgicas. E não vemos outro meio de produzir antídoto do que a da criação do governo mundial, efetivo, autoritário. Para resfriado, chazinho. Para ataque de cascavel, pau na cabeça da cobra.


=================================================================




Technorati : , , , , , , , ,

Marcadores: , ,

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ENXUGANDO GELO - III

Abaixo, publicamos com prazer a terceira parte das considerações apresentadas pelo grande ambientalista Antídio S. P. Teixeira:

"(Se para alguns eu estiver sendo repetitivo, para outros é necessário)
Pelo que acabamos de explicar, entende-se que a atmosfera terrestre mais densa, mais pesada portanto, se estende sobre as regiões intertropicais alcançando elevadas alturas por efeito da força centrifuga exercida pelo movimento de rotação terrestre; em compensação, promove o rebaixamento da mesma sobre os pólos, obedecendo ao princípio dos vasos comunicantes. Inversamente, com a atmosfera menos densa, mais leve portanto, ela sofre rebaixamento sobre as regiões intertropicais dado à redução da força centrífuga, causando considerável elevação sobre os pólos. Era assim desde o começo da formação da vida animada até o momento em que se começou a queimar resíduos fossilizados. Qual a importância?
É que, nesta situação, considerando-se o desvio de 23ºe 27` entre o eixo de rotação terrestre e a reta Sol/Terra, o ozônio que compunha as coberturas polares se elevavam até alcançar os raios solares, mesmo no inverno, mantendo, deste modo, a temperatura nas camadas mais elevadas acima de -112,5ºC. necessária para conservar a integridade do mesmo que, abaixo desta, ele (O3) retorna à sua forma molecular primitiva de oxigênio (O2).
( Nota: este fato explica porque agora, o “buraco na camada de ozônio” cresce no período mais frio, de meados do inverno até a entrada da primavera, recuperando-se no verão.)
Foi nesta situação, com a atmosfera altamente oxigenada que, após muitos milhões de anos, as vidas animadas, dependentes da oxigenação, começou a se formar partindo de células aeróbicas.
Considerando a capacidade de locomoção, destes novos seres rapidamente se multiplicaram, se diversificaram, evoluíram e se espalharam sobre o restante do planeta, sendo que nós somos os produtos finais deste longo curso de fabricação.

COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS X OXIGÊNIO

Como vimos, na “precombustão” a energia luminosa do Sol se condensa e se concentra na combinação entre o carbono absorvido da atmosfera com o hidrogênio derivado da desintegração da água para formar a matéria orgânica; enquanto isso, libera o oxigênio remanescente na atmosfera. Quando um ser vegetal morre, a mesma cota de oxigênio que ele liberou em vida é tomado de volta para realizar a decomposição de seus tecidos orgânicos, o que manteria o equilíbrio ambiental. Ocorre que, no decorrer de muitos milhões de anos, grande parte da matéria orgânica, (biomassa), não se decompôs, ou seja, não se oxidou, por ter sido soterrada por enxurradas e diversas outras formas de movimento de solo, o que veio dar origem aos combustíveis fósseis; e o oxigênio que foi liberado pelos vegetais que foram fossilizados, espalhou-se na atmosfera , onde, exposto à ação dos raios ultravioletas, converteu-se em ozônio, vindo formar o escudo protetor do planeta, e se acumular como grandes reservas sobre os pólos, elevando-se em torno do eixo virtual do movimento de rotação terrestre, onde o ápice do cone formado recebia insolação perene. Da matéria orgânica nasceram os combustíveis fósseis e suas contrapartidas de oxigênio e ozônio foram liberadas na atmosfera. Portanto, quando queimamos materiais fossilizados, estamos utilizando a mesma cota de oxigênio que foi liberada pelos vegetais que lhes deram origem há milhares de anos e que permitiu a formação da vida animada e a sua manutenção até hoje. E, como tais vegetais viveram em sucessivas épocas sobre um mesmo solo, se somarmos tais espaços e multiplicarmos pelo tempo de ocupação, veremos como resultado uma área muitas vezes maior do que a que hoje, tem nosso planeta em disponibilidade para realizar a regeneração dos efluentes das suas combustões. Por isso, os efluentes das combustões de fósseis não são recicláveis naturalmente

COMEÇO DO DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL

Até o meado do século XVIII, a vida humana e de animais domésticos usados como força de tração eram preciosas porque representavam produção agrícola ou artesanal para as classes dominantes. Então, homens e povos escravizavam ostensivamente outros para usufruírem sua capacidade de trabalho. O grande erro de desvio do desenvolvimento natural e paulatina da humanidade, começou no momento em que determinado carvoeiro, na Inglaterra, escondeu dentro de um forno de fabricação de carvão vegetal, certa quantidade de hulha por baixo da lenha a ser carbonizada, produto aquele cujo uso como combustível havia sido proibido no reino, dado os freqüentes acidentes com morte provocados pelo gás metano que este fóssil libera ao atingir determinada temperatura. Queimada a fornada e retirado o carvão vegetal, verificou ele que a hulha havia se transformado numa borra negra e duríssima. Era o coque, produto que concentra altíssimo teor calórico. Dado a esta dureza e, logicamente, a capacidade de resistir ao peso de maiores quantidades de minério de ferro durante a fundição, nasceram os altos-fornos. Logo, o ferro que era caríssimo até então, porque era fundido com carvão vegetal em pequenas fornadas de até 15 quilos, tornou-se baratíssimo porque, o número de empregos criados na mineração da hulha e na sua aplicação na siderurgia era muitas vezes menor do que o desemprego causado entre lenhadores, carvoeiros e transportadores, inclusive animais de carga ou tração. Com o ferro baratíssimo, começou o desenvolvimento de novas aplicações começando pelo fabrico de vergalhões e vigas que induziram a engenharia a promover o crescimento vertical causando a concentração urbana. Tubos de ferro, resolveram o problema de abastecimento de água; a invenção das máquinas a vapor e trilhos, praticamente revolucionou a tração, não só nos transportes, assim como nas fábricas que começaram a surgir. Na parte bélica, navios que, até então eram frágeis embarcações feitas com madeira, passaram a ser feitos com chapas de ferro e, os avôs dos canhões que eram feitos com as caríssimas ligas de cobre e estanho (bronze), passaram a ser feitos com ferro, fazendo com que os países detentores de jazidas de hulha e de ferro, tornarem-se potências militares e colonizadoras de países que não dispunham de tais riquezas. Sobre esta base, começou a se assentar uma nova filosofia em que as classes dominantes não mais necessitavam escravizar seres humanos para o trabalho direto, mas sim para obrigá-los a consumir produtos mais baratos, elaborados por máquinas feitas e impulsionadas por combustíveis fósseis. Só não imaginaram que, para liberar a energia neles contida, se utilizavam como comburente, reservas de oxigênio/ozônio primitivas e que deram condições naturais para criação e desenvolvimento das formas de vida animadas, nas quais representamos o mais avançado estágio da evolução. Só que a conta das benesses que têm servido às minorias dominantes e o desespero às maiorias que são induzidas a consumir o que lhes são nocivos à mente, à moral e ao próprio corpo, vem sendo apresentada há poucas décadas, enquanto que os crédulos defensores do meio ambiente têm suas atenções desviadas para degenerações subseqüentes com a omissão da causa básica..
Considerem que, desde que se começou a queimar combustíveis fósseis para obtenção do calor que alimentou as siderúrgicas, as usinas termelétricas, os fogões, aquecedores e refrigeradores domésticos, as queimadas para fins agrícolas e de urbanização, assim como para impulsionar transportes rodoviários, navais e aéreos, progresso que designamos como Revolução Industrial, queimamos oxigênio indiscrinadamente fazendo rebaixar a altura das reservas sobre os pólos. Como subprodutos, obtivemos os óxidos de carbono que, por serem mais densos, passaram a se acumular sobre as regiões intertropicais, nelas retendo o oxigênio desfalcado das regiões polares. Rebaixadas na altura as reservas atmosféricas sobre estas regiões, elas perderam o banho solar que recebiam, perenemente, e a camada de ozônio mergulhada nas sombras, e sujeita a temperaturas inferiores ao seu ponto crítico de desintegração, passou a alimentar com oxigênio o que foi consumido pelo progresso dos povos.
(Na próxima semana falaremos sobre as conseqüências dessas atitudes impensadas)"