sábado, 28 de novembro de 2009

CONTAGEM REGRESSIVA PARA A HUMANIDADE

Difundir, pelos meios ao nosso alcance, argumentações ambientalistas, pautadas em fatos reais do momento e fundamentadas pelo raciocínio lógico, é obrigação de todo defensor da Natureza. É o que fazemos a seguir, expondo à apreciação dos leitores deste blog o importante artigo lavrado pelo jornalista e escritor Celso Lungaretti. Fonte: Fábio Oliveira – fabioxoliveira2007@gmail.com - fabioxoliveira.glog.uol.com.br/

“Não será como o místico Antônio Conselheiro previu. O sertão não vai virar mar, nem o mar virar sertão. Pelo contrário, o sertão ficará ainda mais árido e o mar vai encorpar-se com o derretimento de geleiras. Tempestades, tufões, furacões, maremotos e tsunamis se tornarão bem mais devastadores. A desertificação de outras áreas avançará. Safras vão ser destruídas e a fome aumentará. A água que estará sobrando em alguns quadrantes, vai faltar em outros. Imensos contingentes humanos terão de deixar seus lares e buscar a sobrevivência alhures. Como uma amarga ironia, podemos dizer que o Brasil finalmente se igualará aos países desenvolvidos: haverá retirantes também no 1º Mundo.

Isto é o que se pode concluir da parte já divulgada do quarto relatório de avaliação da saúde da atmosfera produzido pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), órgão da ONU que congrega especialistas de 40 países. Uma novidade é que agora existe uma quase certeza científica de que as alterações climáticas provêm mesmo da insensatez humana, causadora de uma concentração inédita dos gases que provocam o efeito estufa na atmosfera. Fabricamos demasiados automóveis e queimamos demasiadas florestas. A conta está chegando.

Esse relatório, que sintetiza as contribuições de 600 autoridades no assunto, permite antever que a escalada catastrófica virá crescendo, intensificando-se sobretudo na segunda metade do nosso século. E nada há a fazer para impedi-la, pois os danos causados já são irreversíveis. Nem que todos os veículos motorizados do planeta parassem imediatamente de circular, a temperatura deixaria de subir. Vêm tempos difíceis e a humanidade terá de passar por eles.

Mas, para que haja um século 22, teremos de corrigir a partir de agora nosso modelo econômico, deixando de priorizar o lucro em detrimento do meio ambiente. O atendimento das expectativas de cada consumidor não é um mandamento divino, nem o planeta está aí para se sujeitar eternamente à faina predadora dos humanos. Teremos de aprender a respeitá-lo, a conviver harmoniosamente com ele. Somos seus locatários, não seus donos. Se continuarmos dilapidando insensivelmente a propriedade, o senhorio nos expulsará. É simples assim.

A grande questão é: o capitalismo comporta uma mudança radical das prioridades humanas? Existe alguma conciliação possível entre o direcionamento obsessivo dos esforços humanos para a obtenção do lucro e o imperativo de os homens trocarem a competição pela cooperação, fundamental para a travessia das próximas décadas e para a correção de rumos que se impõe?

A resposta é óbvia: não. O alerta lançado na década de 1960 por filósofos como Herbert Marcuse e Norman O. Brown está sendo confirmado da maneira mais dramática. O capitalismo, com a prevalência dos interesses individuais sobre as necessidades coletivas, leva à destruição da humanidade, num quadro em que os recursos indispensáveis à sobrevivência da espécie humana são finitos e têm de ser aproveitados de forma racional e compartilhada.

A contagem regressiva está em curso. Resta saber se seremos capazes de transcender nossas limitações e nossa cegueira, passando a colocar em primeiro plano “nós” e “os que virão depois”. Pois o mundo do egoísmo e da ganância deixará de existir, de um jeito ou de outro.”

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

EQUAÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA AMBIENTAL

Situações simbólicas relativas ao animal humano.

3 + 4 – 1 = 6
(3 + 4 – 1)/2 = 3
Ar + H²0 + Alimento = Vida
Vida + Economia natural = Racionalidade
Racionalidade x Economia de mercado = Lucro
(Lucro x Tempo x População Mundial)/Recursos naturais = Equilíbrio
Expressões numéricas:
Situação limite de sobrevivência:
(10 x 100 x 1.000)/1.000.000 = 1 (equilíbrio)
Situação real do meio ambiente hoje:
(11 x 102 x 1.003)/900.000 = 1,250 (desequilíbrio ou insustentabilidade de 25%)
Observações:
a) A lucratividade é sagrada; não pode ser mexida, faz parte do sistema. É representada pelos governos;
b) O tempo fica cada vez mais comprimido pelo progresso material, comandado pela tecnologia que está subordinada ao lucro;
c) População mundial é tabu;
d) Recursos naturais são praticamente fixos. Eles crescem ao receberem as energias solares que constroem num ritmo equivalente a 1 metro por 1 ano. A dinâmica tecnológica da atual civilização a destrói a um ritmo equivalente a 1 metro por 1 minuto.

Pergunta com solução matemática, filosófica ou raciocínio lógico: Como restabelecer o equilíbrio em curto prazo? Esperamos resposta.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O PLANETA ESTÁ ESFRIANDO

Publicado no Jornal Diário do Nordeste de Fortaleza, de 15.11.09.

Na contramão do ambiental e politicamente correto, o professor cearense José Carlos Parente de Oliveira, 56, da UFC, Doutor em Física com Pós-doutorado em Física da Atmosfera, diz que, cientificamente, não se sustenta a tese de que a atividade humana influencia o clima no planeta, que não está aquecendo. "Na verdade, a Terra está esfriando", afirma ele. Na entrevista a seguir, o professor Parente põe o dedo em uma antiga ferida: "Perdemos o foco do problema. E o foco do problema são os meios de produzir, é a forma errada de como o homem produz seus bens

Por que o senhor caminha na contramão do ambientalmente correto e proclama que o planeta não está aquecendo, mas esfriando?

A busca da verdade deve ser o norte, o foco da atividade em ciências. E penso que não é isso o que ocorre com o tema aquecimento global. A sociedade está sendo bombardeada por notícias, reportagens na tevê, filmes e tudo isso com a mensagem de que as atividades humanas relacionadas às queimas de combustível fóssil (petróleo, carvão e gás) são as culpadas pelo aquecimento da Terra. O grande responsável por esse bombardeio é o Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês), que é um órgão da ONU.

O senhor quer dizer que um organismo da ONU está provocando um terrorismo ambiental?

Vejamos. A hipótese do aquecimento global antrópico defendido pelo IPCC não possui base científica sólida. Não há dados observacionais que provem cabalmente a influência humana no clima. Se voltarmos um pouco no tempo nós constataremos que entre os anos de 1945 e 1977 houve um resfriamento da Terra, acompanhado de grande alarde de que o planeta congelaria, haveria fome, milhares de espécies desapareceriam etc. E veja que nesse período houve grande queima de carvão e petróleo motivada pela reconstrução da Europa e da Ásia após a 2ª Guerra Mundial. Outro exemplo de não conexão entre concentração de CO2 e temperatura da Terra ocorreu entre os anos 1920 e 1940, período em que a Terra esteve mais quente que os anos finais do século XX, e nesse período a atividade de queima de combustível foi de apenas 10% do que foi observado nos anos 1980 e 1990.
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Eis ai o depoimento de mais um cientista sobre o problema ambiental. Há muitos desses profissionais que contradizem as afirmações científicas advindas do IPCC da ONU.
Há leitores que não crêem nas informações de que a atual civilização está degradando as condições vivenciais do planeta. Louvam-se em geral nas palavras e argumentos de diversos homens de ciência, até de renomeada.
Isso tudo serve para a instalação entre os leigos de uma situação de divergências de opiniões e crenças. Implanta um estado de entendimento geral de que não estamos entrando numa crise vivencial que levará a biodiversidade ao suicídio. Justamente numa ocasião em que ainda há condições de ações incisivas de retorno. Essa confusão ou desserviço para a qual os cientistas contribuem, põem eles próprios como co-responsáveis pelo desastre ambiental vindouro.
Muitos não entendem que informação científica nada tem a ver com a opinião de cientistas. Eles, como qualquer um de nós, têm as suas crenças pessoais que podem muito bem ser divergentes porque as mentes não são padronizadas. Informação científica, depois de sacramentada como tal, tem outro caráter.
A nosso ver, a questão ambiental deve sair urgentemente do campo referencial de conceitos de cientistas, já que alguns deles se contradizem e não falam em nome da ciência, mas em nome estritamente pessoal. E isso causa confusão. Precisamos da ciência, não do subjetivismo dos cientistas.
E os ambientalistas, que enxergam as realidades dos fatos, devem voltar suas argumentações apenas para as revelações incontestes do raciocínio lógico, escorado por informações científicas. Devem pautar seus argumentos apelando para os instrumentos filosóficos que habitam o cérebro individual de cada ser humano, mediante o uso reflexivo das potencialidades oferecidas pelo uso da razão. E, nesse campo, temos todos o mesmo potencial. E a matemática, que é um produto exclusivamente de raciocínio, é um ramo filosófico. Apresenta suas verdades, que não são discutíveis, pois fundamenta o raciocínio em axiomas cujos conceitos são acolhidos por todos os que forem capazes de pensar. A matemática é uma das filhas do pensamento lógico.
Vamos fazer um pequeno exercício mental, baseado na matemática ou filosofia ou raciocínio lógico. Todos os dias, Arnaldo, um forte rapaz, bebe um copo de água de um tanque. Às escondidas, também diariamente, colocamos no tanque um copo de água adicionado com uma gota de veneno inodoro e sem sabor. Arnaldo bebe dessa água e nunca percebe nada de anormal. Agora apresentamos um problema a ser resolvido pelo leitor: assim prosseguindo a cena descrita, haverá um dia em que Arnaldo morrerá envenenado? Sim ou não.
A propósito, vamos contar uma história verídica. Um certo imperador chinês, tendo herdado a coroa com 26 anos, tinha uma preocupação constante: a de morrer cedo. Convocou os maiores médicos chineses da época para que concordassem sobre a melhor maneira de viver muitos anos. Depois de vários meses de discussão e estudos, a comissão de sábios lhe receitou o seguinte procedimento: beber diariamente, em jejum, uma gotas de mercúrio. O monarca, confiante, seguiu a prescrição com disciplina estóica. Morreu com 31 anos, envenenado pelo mercúrio.

domingo, 15 de novembro de 2009

NÃO EXISTE POLUIÇÃO

Fala-se frequentemente que há muita poluição no planeta. Que o ar está sendo poluído pela emissão de gases tóxicos, proporcionada pelas indústrias químicas, pelas de transformação como as siderúrgicas, as do papel, as de cimento. O ar recebe também uma quantidade enorme de material estranho proveniente da combustão de motores movidos a produtos fósseis. Há, enfim, uma quantidade enorme de agentes do progresso tecnológico que poluem o ar. O que é o ar? A composição gasosa em que predominam o oxigênio (20%) e o nitrogênio (80%), conhecido por atmosfera, existindo em uma camada muito fina e frágil (mais ou menos 3.000 metros) em torno da Terra. Não é só isso. É muito mais: é o elemento básico, pelo oxigênio, que mantém a Vida, tanto na terra quanto no mar.
Dizem que há poluição das águas. Que os esgotos domésticos e industriais, insalubres e poluentes, são jogados nos rios e, por conseqüência, nos mares e oceanos, carregando quase sempre metais pesados que, indiretamente, são ingeridos pelos peixes. Quando não escoam, são conduzidos para as camadas inferiores da terra, atingindo os lençóis freáticos, última reserva de água doce pura. O que é água? Um elemento essencial para toda a cadeia energética da Vida.
Afirmam que as atividades agrícolas provocam a poluição do solo pelo emprego de fertilizantes químicos, de agrotóxicos e pelas chuvas ácidas, além de seu enfraquecimento pela exploração intensiva e emprego de máquinas pesadas no revolvimento da terra. O que é o solo? É o repositório da vida vegetal auto-reciclável, desde que não haja interferência em seu frágil equilíbrio, obtido pela dinâmica estrutural e sazonal.
Revelam ainda que os oceanos estão sendo poluídos pelo lixo civilizacional, encontrando-se no Pacífico um entulho nauseabundo, formado pelo redemoinho de corrente oceânica, constituído principalmente de material plástico, numa área correspondente ao Estado do Amazonas, o que provoca a sua ingestão acidental ou indireta pelos peixes.
Emprega-se a palavra poluição em todas as ocasiões. É a qualificação verbal do momento. Um modo de deslocar o verdadeiro entendimento do que está acontecendo. Foi consagrada para descrever, eufemisticamente, as ações resultantes das atividades da economia de mercado.
Vamos consultar o dicionário para esclarecer os aspectos dessa palavra: poluir significa sujar, manchar, macular. Essas acepções nos conduzem à idéia subjacente de reversão. Daí, nosso subconsciente fica informado de que a poluição pode, em qualquer ocasião, ser limpada, desmanchada e desmaculada. Logo, poluição não é algo muito importante. Isso ajuda a encobrir os pecados do sistema econômico e serve aos seus verdadeiros propósitos, o lucro progressivo e ilimitado.
Estas considerações se impõem para externar sem rodeios que poluição não existe. Apesar de tudo que ficou dito acima, poluição não existe. O que existe efetivamente é o envenenamento. Esta é a palavra certa para indicar a verdadeira dimensão da tragédia por que passa a biodiversidade. As ações civilizatórias do último século, calcadas exclusivamente nos objetivos de crescimento econômico, têm produzido – e continuam produzindo aceleradamente – o envenenamento da atmosfera, das águas e dos frutos do solo.
Temos respirado ar envenenado, bebido água envenenada e comido alimentos envenenados. As doses são baixas atualmente, e os efeitos são diluídos ou camuflados por outras etiologias, provocadas estas pelo conforto tecnológico, outra anomalia social que o sistema tecnológico vigente implantou e do qual falaremos oportunamente. Mas a aceleração industrial indica níveis mortais para um futuro próximo.
É preciso deixar bem claro que a humanidade está sendo envenenada lenta mas progressivamente. Que fiquem todos conscientes dessa situação ambiental. Não há poluição; há envenenamento.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

SEMENTES TRANSGÊNICAS

Fazemos a seguir uma análise do artigo de dois cientistas, dirigido aos países da África, quando relatam os benefícios propiciados pelas sementes geneticamente modificadas.

Entendemos que a divulgação de artigo, pretensamente científico, dos medalhões Piero Morandi e Ingo Potrykus, no final transcrito, constitui uma peça tendenciosa, capciosa e maliciosa que, ao contrário do que parece, desinforma sobre a verdade dos alimentos geneticamente modificados. Chegam ao ponto de comparar computador a semente, esquecendo-se que objeto não tem nada a ver com um ser vivo.

As considerações apresentadas pelos citados articulistas são, genericamente, corretas no estrito enfoque tratado. Mas justamente aí é que reside a armadilha. Usaram da artimanha do diversionismo e de visão histórica infiel para alcançar seus objetivos ocultos. As sementes – e outros tipos de material genético de propagação – são ou eram o único insumo que restava nas mãos do agricultor. Portanto, as sementes não são a primeira, mas a última cidadela que ainda resiste às furiosas investidas das empresas privadas.

De fato as sementes de soja germinam. Só que para semeá-las ou reproduzi-las, o agricultor tem que pagar royalties para a empresa detentora da tecnologia. E isso é o de menos. O pior é que não há previsibilidade alguma sobre o desenvolvimento reprodutivo das sementes GE. Sabe-se, perfeitamente, que a Natureza trabalha com o acaso na formação do cromossomo de novo ser. Isso é que provoca essa imensidão de faces humanas diferentes e que propicia a dinâmica evolutiva. O fato mais significativo, portanto, é que a segurança constitui-se no calcanhar de Aquiles da biotecnologia. Se os benefícios são bastante discutíveis, os riscos são altos e desnecessários.

Para melhor entendimento da matéria, vamos supor que estivessem fazendo a descrição de uma moça estéril que encontra dificuldade para encontrar um casamento. Trata-se de uma mulher extremamente feia de rosto e corpo, mas que possui um belo cabelo prateado. Pois bem, os mencionados cientistas se ocuparam apenas em descrever os encantos dessa moldura facial. Para não mentirem, não fizeram qualquer alusão aos demais dotes naturais, físicos ou morais.
Eles falam das excelências do organismo geneticamente modificados, identificados pela sigla GM (geneticamente modificados). Não precisava, porque naturais; todos estão de acordo. Adiante, referem-se aos geneticamente engenheirizados (GE), sem esclarecer o que é isso, dizendo apenas que “porque as modificações genéticas são mais precisas e predizíveis que as que se faziam no passado”. Com isso, embaralham a questão, dando a entender que GM e GE são procedimentos análogos.

Essa ingerência genética está muito bem exposta, de forma clara e honesta, pelo nosso digno e competente engenheiro-agrônomo Antonio Radi em um despretensioso trabalho de informação. Para a devida apreciação do assunto por parte dos seus leitores e amigos, transcrevemo-lo a seguir:

“É muito comum ouvirmos o pessoal chamar os transgênicos de OGM (Organismos Geneticamente Modificados). Bem, isto não é lá muito exato, pois se todo transgênico é um OGM, nem todo OGM é um transgênico. Explico já.
O homem vem há milênios lançando mão de técnicas de melhoramento genético animal e vegetal. Com estes procedimentos busca-se, dentro de determinadas populações, os indivíduos com as características mais desejáveis para a propagação. Como exemplos de características desejáveis podemos citar produtividade, precocidade, resistência a pragas e doenças, resistência a seca, sabor, entre tantas outras. Dessa forma, a produção e consumo de OGMs é muito, muito antiga.
Recentemente, com o avanço da engenharia genética, o homem passou a criar os OGM-T que são os Organismos Geneticamente Modificados Transgênicos. Bem, mas o que difere fundamentalmente um OGM de um OGM-T?
No melhoramento genético tradicional, promove-se o cruzamento entre indivíduos da mesma espécie em busca daquelas mencionadas características desejáveis. Este tipo de cruzamento ocorre, claro, espontaneamente na Natureza; o que o melhorista faz é apenas acelerar o processo de troca de genes agilizando a produção de novos indivíduos (chamados de variedades ou híbridos em vegetais e de raças em animais).
Já no OGM-T a coisa muda de figura; na transgenia temos a troca de genes entre indivíduos de espécies diferentes. Ora, é óbvio que este cruzamento jamais ocorreria naturalmente. Para transferir genes de uma espécie para outra os geneticistas utilizam-se de algumas ferramentas principais, a saber:
Vetores biológicos: o principal é a Agrobacterium, uma bactéria de solo. O DNA da bactéria é substituído pelo DNA de interesse e esta, por sua vez, fará a transferência deste novo DNA à espécie vegetal que se pretende modificar. Este processo funciona como uma infecção programada.
Vetores não biológicos: consiste no bombardeamento do tecido que se pretende modificar com micropartículas de ouro ou tungstênio recobertas pelo DNA de interesse
Eletroporação: o DNA de interesse penetra pela membrana celular tornada permeável através de choques elétricos ou produtos químicos.
Microinjeção: o DNA de interesse é introduzido diretamente na célula.
Estas técnicas permitem a criação de plantas como, por exemplo, o milho transgênico chamado de Bt, cujo cultivo foi liberado recentemente em nosso país. Neste caso, os pesquisadores introduziram no milho nosso de cada dia o gene de uma bactéria chamada Bacillus thuringiensis que produz uma toxina letal para algumas espécies de lagartas que atacam a cultura. Com o gene da bactéria em seu DNA, as plantas de milho passam agora a produzir a citada toxina inibindo o ataque das pragas, ou seja, o milharal moderno não produz mais somente grãos ou silagem; produz também inseticida biológico.”
Vemos que há neste artigo o propósito de esclarecer. No abaixo transcrito, assinado pelos dois cientistas, o de confundir.
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“Dois biólogos destacam o dever moral de permitir os cultivos geneticamente modificados.

Por Piero Morandini e Ingo Potrykus

ROMA, domingo, 25 de outubro de 2009 (ZENIT.org).- Há um temor difundido nos meios de comunicação, no público e também entre os bispos de que as novas variedades de sementes farão os agricultores africanos economicamente dependentes das empresas sementeiras. Esta possibilidade pode ser verificada com as sementes, mas também com muitos outros produtos das biotecnologias, assim como para os de outras tecnologias diversas.

Muitos produtos de hoje são como as "caixas pretas". As pessoas não conseguem compreender o que acontece dentro (basta pensar nos celulares, na televisão, nos motores, etc) e por isto têm pouca ou nenhuma capacidade de repará-los ou de mudá-los de alguma forma. Para as tecnologias mais antigas o problema é menos sentido. Tomemos como exemplo uma bicicleta: consegue-se distinguir suas diferentes partes, como os pedais, as rodas e a corrente; podem-se desmontar facilmente e voltar a montar os freios e as rodas.

Em uma palavra, conseguimos entender e controlar melhor esta tecnologia, ainda que se tenha de admitir que não sabemos criar seus produtos por nós mesmos. Coisas como os computadores ou as sementes são muito mais complicados de entender, e em consequência somos menos capazes de criá-las ou ainda de apenas alterá-las.

Esta crescente dependência de quem proporciona a tecnologia pode não ser facilmente aceita, mas é algo irreversível e generalizado. E não deve ser considerado como negativo em si mesmo, já que permite obter benefício de tantas tecnologias, ainda que tenhamos pouco controle sobre elas. Seria, portanto, injusto expressar preocupação pela dependência só por quanto diz respeito às sementes e em particular para as sementes com os métodos das modernas biotecnologias (comumente chamadas geneticamente modificadas GM).

O problema da esterilidade

Um dos mitos que circulam há mais de dez anos sobre estas sementes se representou recentemente em um artigo na edição inglesa de ZENIT firmado por Robert Moyniham [1]. O mito sustenta que as sementes produzidas através das modernas tecnologias são estéreis. Isto precisamente é um mito.

Em primeiro lugar, todos os métodos de melhora genética criam e usam variabilidade genética para obter cultivos com características melhoradas (por exemplo, maior resistência a insetos, a condições adversas como escassez ou excesso de água, ou inclusive resistência aos herbicidas) e por isso todos os cultivos apresentam profundas modificações genéticas. As novas variedades melhoradas com as biotecnologias modernas se devem portanto definir melhor como cultivos geneticamente engenheirizados (GE), porque as modificações genéticas são mais precisas e predizíveis que as que se faziam no passado.

Segundo e mais importante ponto, nenhum cultivo GE comercial se fez estéril para impedir os agricultores de reutilizar as sementes.

Terceiro, muitos cultivos, especialmente nos países mais desenvolvidos, cresceram a partir de sementes comerciais. Os agricultores compram as sementes por diferentes e simples razões. Em alguns casos é a própria biologia da planta a que determina a eleição: muitos cultivos (como milho, beterraba, arroz, girassol e a maior parte das hortaliças) são tipicamente, ou com frequência, segundo as espécies, cultivadas como híbridos F1. Isto significa que as sementes usadas para semear são o resultado de um cruzamento entre dois progenitores que são parecidos (normalmente duas variedades da mesma espécie) mas diferentes por diversos caracteres, como por exemplo a altura ou o rendimento [2].

O resultado do cruzamento é em geral uma planta vigorosa, com frequência muito mais vigorosa que ambos progenitores, e os rendimentos aumentam muito.

O exemplo mais claro é o milho, em que os rendimentos podem aumentar inclusive 2-3 vezes com respeito aos progenitores não híbridos. Infelizmente, o vigor do híbrido diminui rapidamente nas gerações sucessivas.

Por este motivo mais de 99% do milho cultivado nos países desenvolvidos é milho híbrido cuja semente os agricultores voltam a comprar a cada ano. Poderiam perfeitamente usar parte da colheita para semear no ano sucessivo, mas sabem que isto comporta uma baixa significativa do rendimento.

São portanto capazes de calcular a diferença entre as duas eleições (replantar a semente ou voltar a comprar nova semente) e a grande maioria decide voltar a comprá-las. Para outros cultivos, a situação está muito mais diversificada: o arroz e a colza crescem só em parte como híbridos, enquanto que para a soja e o trigo isto acontece muito raramente.

Inclusive quando um cultivo não é híbrido, os agricultores com frequência compram a semente porque sabem que a qualidade da semente é importante. Mas produzir boa semente é um trabalho duro. As sementes devem ser puras (sem sementes de herbáceas, por exemplo), devem germinar velozmente, de modo seguro e com uma porcentagem alta. Devem também estar livres de enfermidades (vírus, bactérias, fungos...) e insetos nocivos, ter um bom rendimento e ser capazes de suportar bem condições não ótimas como pouca chuva ou calor forte.

Se falta uma ou várias características a um pouco de sementes, então a colheita está em risco. Por isto há empresas cuja tarefa é a de produzir sementes de alta qualidade, de modo que tanto a empresa sementeira como o agricultor possam obter lucro.

Produzir estas sementes comporta gastos e portanto as sementes não podem ser simplesmente presenteadas, do contrário a empresa deixaria de existir. É o agricultor quem deve decidir se as sementes valem verdadeiramente o preço ou se produzem verdadeiramente o que custam. Com frequência portanto os agricultores fazem pequenas provas sobre novas variedades em uma ou duas estações seguidas antes de comprar uma grande quantidade para a semente. Primeiro querem verificar se a qualidade superior anunciada pela empresa corresponde à verdade.

Quando uma nova variedade encontra a aceitação dos agricultores, então podem estar seguros de que é uma boa variedade e de que o preço é razoável. Os agricultores - os compradores de sementes - são os que decidem se uma semente e a empresa que a produz terão êxito.

Segurança

Outro mito é que não há ainda dados para decidir se os cultivos GE são seguros para o homem ou o meio ambiente.

Após quase 15 anos de cultivos com fins comerciais (e mais de 25 anos de pesquisas sobre os cultivos GE), com um número de plantas cultivadas que gira em torno de 200 bilhões em uma superfície de 1 bilhão de hectares, podemos dizer que até hoje não houve danos maiores com respeito aos causados pelas variedades convencionais, e com frequência foram menores.

Várias academias nacionais e internacionais (Estados Unidos, Índia, Brasil, França, Alemanha, Inglaterra, Itália, China, México, a Pontifícia Academia das Ciências e a Academia do Terceiro Mundo) fizeram declarações a favor desta tecnologia.

Estas destacaram em particular os benefícios bem documentados e os potenciais para os agricultores pobres do mundo. Também numerosas sociedades científicas e organizações internacionais (WHO, FAO) (ver [3] uma lista longa mas incompleta) examinaram a questão e chegaram à conclusão de que, sobre a base da grande experiência acumulada e de milhares de publicações científicas, os cultivos GE não apresentam novos ou diferentes riscos com respeito às variedades convencionais e podem (e de fato o fazem) reduzir ou aliviar alguns dos impactos negativos da agricultura convencional.

O fato de que as plantas GE não compartilham novos riscos está ilustrado com o seguinte exemplo: Há diversas plantas tolerantes aos herbicidas que foram desenvolvidas com técnicas convencionais menos precisas e que foram aprovadas para os cultivos sem o longo e custoso processo requerido para as plantas GE (o processo inclui uma avaliação do risco e um processo de análise bem regulado que dura entre 5 e 10 anos com custos da ordem dos mais de 10 milhões de dólares). Estas variedades convencionais (por exemplo colza, girassol, arroz ou trigo) cultivadas sobre milhões de hectares apresentam o mesmo risco, e às vezes, a mesma modificação genética, que as plantas GE tolerantes aos herbicidas.

Benefícios

Em suma, os dados mostram de modo evidente que as plantas GE oferecem grandes benefícios. Os oferecem hoje em todo o mundo e de modo particular para os milhões de agricultores nos países em vias de desenvolvimento. De fato a grande maioria (90% de quase 13 milhões) dos agricultores que usam plantas GE são camponeses pobres dos países em vias de desenvolvimento, alguns dos quais em países africanos como Burkina Faso e África do Sul. [4]

Isto deveria ser matéria de reflexão para aqueles que espalham falsidades entre os africanos sobre as opções a sua disposição para o desenvolvimento agrícola. Os leitores indecisos são convidados a ler o livro de Robert Paarlberg Starved for Science. [5]

À luz do que se disse até agora cremos firmemente que não só é "uma obrigação moral permitir que estes países façam sua própria experimentação", como sugeria Pe. Gonzalo Miranda, professor de bioética na Universidade Pontifícia Regina Apostolorum, mas também que se lhes proporcionem instrumentos (a educação) para fazê-lo.

Também consideramos um luxo inútil, e por isso mesmo um pecado por parte dos países ocidentais, requerer uma regulação maníaca para esta tecnologia quando uma agricultura africana em parte estancada significa morte e desnutrição para muitos. A segurança alimentar para a África começa com produzir mais alimento. Agora.

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Piero Morandi é pesquisador de Fisiologia Vegetal e professor de Biotecnologias Vegetais Industriais na Universidade de Milão.

Ingo Potrykus é presidente do comitê "Humanitarian Golden Rice" e Professor Emérito em Ciências Vegetais do Instituto Suíço Federal de Tecnologia.”

sábado, 7 de novembro de 2009

CIENTISTAS, "CIENTISTAS" E $IENTI$TA$

Depois que decaiu a verdade bíblica que imperava no mundo ocidental, ficou estabelecido como crença geral o vínculo ciência-verdade, principalmente pela revolucionária influência dos Iluministas, no século XVIII. Existe um senso comum de que qualquer informação provinda da ciência é sempre verdadeira e digna de crédito. Que a ciência traduz a realidade, sendo a fonte do conhecimento.
Mas esse conceito amplo, absoluto, não traduz a realidade científica. Ciência é uma busca, uma procura de explicação e descobertas. Pelo seu próprio método de trabalho, quando chega a um resultado, este nunca é definitivo; é apenas prevalente ou provisório para a ocasião. Prevalece até o momento em que novas descobertas são feitas.
O critério adotado pela ciência implica o enunciado de uma idéia aceitável – a conjectura ou hipótese – para, em seguida, evoluir criteriosamente para a teoria – estágio em que se agregam argumentos cientificamente válidos. A última etapa é a da experimentação, ou demonstração inquestionável, quando se consagra a teoria. Isso tudo é muito debatido, estudado, experimentado. E demanda um tempo enorme.
Não obstante, toda verdade científica pode receber alguma restrição quando se estabelece nova verdade sobre a questão. A verdade newtoniana tornou-se relativa com os trabalhos de Einstein. E estes também sofreram abalos com o surgimento da mecânica quântica. A função da ciência é descobrir e entender os meandros da misteriosa realidade cósmica.
Tivemos na História diversos cientistas que consagraram suas vidas ao estudo e pesquisas de várias disciplinas componentes desse conjunto a que chamamos Ciência. O mundo atual, para o bem ou para o mal, reflete as conseqüências das revelações feitas pelos cientistas. Toda a tecnologia empreendida tem seus fundamentos na utilização desses conhecimentos assim obtidos.
É comum, porém, o surgimento de “cientistas” que, embebidos da ânsia de notoriedade e projeção histórica – por força de pétreo e incurável narcisismo –, procederem sem o mínimo de escrúpulo em suas “artes científicas”. Para atingirem seus objetivos pessoais, forjam dados, situações, descobertas, e o que mais for necessário. Na semana final de outubro/09 informaram os noticiosos que um “famoso cientista” da Coréia do Sul foi, finalmente, condenado pela falsificação de conclusões em pesquisas patrocinadas pelo governo na área de clonagem de embriões. É famosa a farsa científica conhecida como o homem de Piltdown, na Inglaterra, pela qual dois “cientistas”, “descobriram” um crânio de antropóide e o impingiram como se fosse de um elo humanóide. Na época eles ficaram famosos, mas o fato foi exaustivamente pesquisado e encerrado, muitos anos depois, com a conclusão de que eles engendraram uma bem montada farsa.
Acautelemo-nos, portanto, com os pronunciamentos desses “cientistas”. Eles servem ao deus “Narciso” e, com isso, prejudicam enormemente a verdadeira ciência.
Mas a pior classe desses homens que se ocupam de ciências são os $ienti$ta$, e os há em abundância pelo mundo afora. Seu deus é o dinheiro. Pagando, tudo bem.
Para as grandes corporações econômicas, por si e pelos governantes que os representam, esses elementos são utilíssimos. É só chegar perto de um deles e dizer: “Quero um relatório científico sobre o assunto tal; quanto você quer?” Eles darão o preço, geralmente em milhões de dólares e perguntarão: “a favor ou contra?”. Comprar um cientista famoso fica mais caro. Tudo é questão de preço. O verdadeiro cientista não se vende nunca. Afinal, o dinheiro não é venerado somente pelos leigos. Um célebre ministro do governo de Getúlio Vargas, depois de várias vezes ser assediado por certa empresa, fabricante de lança-perfumes – cada vez oferecendo mais para revogar a proibição de venda desse objeto –, procurou o presidente e lhe disse: “arranje outro ministro para o meu lugar. A empresa está quase chegando a um preço a que não conseguirei resistir.”
Ultimamente, temos lido em diversos veículos de informação que o $ienti$ta Fulano, baseado em suas próprias pesquisas, concluiu que não há aquecimento global. Que o meio ambiente é propício e adequado ao crescimento econômico. Que isso e aquilo. Essas notícias são produto de gastos encomendados por integrantes do sistema econômico e, por isso, não merecem qualquer crédito. Os ambientalistas novos, de pouca experiência e informação, são facilmente influenciados por esses $ienti$ta$. A finalidade deles é justamente esta: semear desencontro de opiniões entre os ambientalistas. Entendemos que, como tudo o mais neste mundo, devemos separar o joio do trigo. Devemos desenvolver nossa capacidade e amplidão de conhecimentos para ter condições de distinguir quem são os cientistas, “cientistas” e $ienti$ta$”. Nossa meta não é somente a de defender o meio ambiente; é seguir o legítimo e verdadeiro enfoque científico, justamente para que nos possamos orientar na emergência por que passa nossa casa planetária.
Acautelemo-nos... acautelemo-nos...