quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

JULIAN ASSANGE, O HERÓI DO MOMENTO

O australiano Julian Assange, fundador e responsável pela página “WikiLeaks” na internete, foi preso pela Justiça inglesa em cumprimento a um processo vindo da Suécia, aberto pela denúncia de estupro – apesar de consentido – por parte de duas mulheres. Uma das pretensas “vítimas”, segundo notícias divulgadas, é cubana naturalizada sueca e agente do serviço secreto americano; a outra, sua amiga solidária.

Naquele país nórdico, a legislação que trata da matéria é tão rigorosa, detalhista e ambígua que dá margem a qualquer mulher de alegar estupro. Isso inviabiliza qualquer relação sexual normal. Pelo menos o homem ficará vacilante e terá mais uma preocupação na efetivação da união carnal, tornando-o mais sujeito ao fracasso e decaimento moral. E muitos evitam essa ação – até com a própria esposa, imaginamos – por receio de ir parar na cadeia com base unicamente em uma simples acusação da mulher. Não é de se estranhar que os nascimentos de lourinhos naquele país tenham decaído acentuadamente, e surgida a necessidade de importação crescente de mão de obra africana.

Mas nosso enfoque neste artigo não é o aspecto penal, que disso se ocupam os advogados. Estávamos falando do mais novo herói mundial, o jornalista Assange, que está distribuindo na internete mais de 200 mil documentos secretos do governo americano.

Dos milhares de papéis até o momento divulgados, nenhum nos causou qualquer surpresa. Entendemos que os segredos revelados são ações e meios formais próprios do ambiente diplomático. Tornam-se segredos desvelados simplesmente pelo fato de estarem causando sensacionalismo aos milhões de ingênuos não pensantes que povoam este mundo envolto em hipocrisias e mentiras. Julgamos esses documentos normais, dentro da esfera a que pertencem, e não deviam causar essa celeuma toda. O que esperar do inferno?

Tudo que vem sendo publicado, em sentido geral e na sua essência, já era de nosso conhecimento. Não obtidos por informação, mas por dedução. Essas coisas estão ao alcance de qualquer ser pensante; basta pensar. Do mesmo modo como podemos facilmente deduzir que a atual civilização, com suas loucuras tecnológicas, representa um ritual macabro na ante véspera do caos planetário. No entanto, muitos preferem acreditar que as delícias da vida tecnológica moderna não produzem qualquer efeito ambiental.

A comunicação de fatos e opiniões, de caráter político, econômico, militar e cultural, é parte das funções de embaixadas de qualquer país. E nesses casos, a linguagem é sempre a mais autêntica e clara possível, sem as amarras protocolares praticadas na formalidade.

Fala-se muito em países amigos. Amizade é um sentimento de afinidade entre pessoas ou animais. É uma manifestação essencialmente criada pela convivência e confiança mútua, de ordem espiritual. Isso não existe entre nações, que são retalhos geográficos formados por convenções. Quando se apregoa que dois países são amigos, é um modo eufemístico de dizer que ambos executam ações de interesses recíprocos, surgidas por acordos que podem ser voluntários, por pressão militar ou econômica, ou outras variantes como os compensatórios como cessão de área para instalação de base militar, ou ainda diversos tipos de “ajuda” na forma de doação de material bélico ultrapassado ou mesmo de algum dinheirinho. Na falta de acordo, a guerra impõe a vontade do mais forte. Tudo isso é facilmente dedutível. Não precisamos engolir mentiras. Quem não pensa, não vive; vegeta.

Quando o WikiLeaks mostra americanos atirando em civis e crianças que estavam socorrendo um ferido no Iraque, não mostra nada de excepcional. Guerra é isso mesmo; atrocidades e atrocidades. Tal como a guerra que a cegueira da ganância trava contra a Natureza. Para quem não sabe, Natureza é o conjunto de ações divinas.

Guerra é o conjunto de toda e qualquer ação destrutiva desumana imaginável e inimaginável. É destruição completa. De construções, de corpos, de vínculos espirituais, de culturas e de almas. É o reino do ódio e terror. É algo tão terrível que somente quem já participou de uma contenda armada pode aquilatar sua monstruosidade e condição ilógica. Toda guerra tem o seu setor de propaganda, destinado a justificar a guerra, esconder a verdade, mentir, enganar e envenenar as mentes dos simplórios.

Qualificar humanamente um soldado na guerra, somente existe em filmes do país agressor, cujo cenário e coreografia penetram fundo em mentes sem uso. E temos visto que alcançam seu objetivo nesse tipo de propaganda, manipulada pelos governos, principalmente pelos apelos emocionais abjetos em construções hollywoodianas, cujos agentes do ódio são travestidos de anjos fardados.

Não há guerra boazinha. Todas, de qualquer país, são exercidas em atmosfera de odiosidade absoluta. Todos os soldados são iguais. É abominável qualquer guerra. Por isso, quem clama por paz a qualquer preço está repleto de razão. Paz é vida; guerra é morte.

Tal como esses documentos ora revelados, outros da mesma espécie são produzidos pelas embaixadas de todos os países, inclusive o Brasil. Sempre em segredo, é claro, pois o povo não pode conhecer a verdade. As intenções governamentais são veladas, enquanto são mostrados cenários midiáticos previamente montados. E há os ingênuos não pensantes que ingerem esse tipo de informação. É ponto corrente que os governos se informem sobre os demais países. Nesse aspecto, há um entendimento tácito de tolerância entre as nações.

Naturalmente que a correspondência secreta dos EEUU é mais sedutora e tem maior repercussão, por serem eles o maestro do mundo. Se o governo do Irã não lhes faz as vontades ou nega barganhas, os departamentos especializados em deturpar e mentir entram em atividade. A condenação por apedrejamento no Irã, lei milenar, é uma das facetas exploradas no momento. Por quê? Por ser um horror aos olhos ocidentais, mas sobre a mesma pena aplicada em alguns outros países islâmicos há milênios de anos nem se fala. Por quê? Ora, são países amigos... e o Irã é o bandido da vez.

Vivemos num mundo de mentiras e falsidades. Isso vale tanto para as revelações diplomáticas, até agora superficiais, como para a verdadeira situação ambiental, mais grave, mais séria, peremptória que, segundo parece, somente os ambientalistas enxergam.

A única fonte de informação segura neste mundo de hipocrisias e mentiras é a reflexão. Para quem usa a massa cinzenta, é claro!

sábado, 25 de dezembro de 2010

CORDEL AMBIENTAL

Temos o prazer de reproduzir abaixo o interessante trabalho do conhecido ambientalista Antídio S. P. Teixeira.


CORDEL AMBIENTAL
Antídio S.P.Teixeira



Amanhã é domingo, pede cachimbo,
Tocar gaita, repicar os sinos,
Pensar nos meninos,
Como viverão amanhã.

Meninos de ontem,
Homens de hoje,
Não pensam no amanhã,
Dos meninos de hoje;
Cresceram num sonho,
Não conseguem despertar.

O amanhã é incerto,
Não se faz previsão,
Os homens de hoje,
Perderam a noção,
Da finalidade da vida,
E da sua missão.


Sonham com crescimento contínuo como dever,
Ignorando ser impossível, sem limites crescer,
Necessitam de um solavanco para despertar.
Para uma realidade que não se pode mais duvidar.


Finitos os recursos terrestres,
Estão prestes a se esgotar,
E a disputa pela sua posse,
Fazem a violência aumentar,
Eliminando dos menos providos,
O direito de se beneficiar.


Guerras nucleares poderão acontecer,
Movidas por ambição pelo poder,
Os fortes, desconhecem limites,
Pois, não têm a quem obedecer,
Sacrificam povos inocentes,
Para a eles submeter.


O lixo em todo mundo se acumula,
Já não se tem onde jogar,
A Natureza reclama,
Procurando se reequilibrar;
Manda calor, ventos e chuvas,
Na tentativa de se recuperar.


Das montanhas, a terra e a lama escorregam;
Estradas, casas e cidades soterram,
Com as águas tempestuosas enfurecidas,
Lavouras, pastagens e criações submergidas.
Produtos nos mercados escasseados,
Alimentos essenciais sonegados.


Não haverá solução,
Se não se julgar o caso com atenção,
Contemplar no mundo todo,
A causa única da degradação.
Bens e serviços de luxo para poucos,
É a causa da destruição.


Todos os bens que se usa ou se consome,
Na produção, várias formas de energia foram consumidas,
E para funcionar, novas formas de energia são requeridas.
Calor e Movimento, as formas mais usadas,
Da queima de fósseis extraídas; mais baratas porque
Não pagam, as agressões, pela Natureza sofrida.


Os cursos de água correntes e renováveis,
Com energia limpa, já não suprem a demanda global,
Mas a bioenergia, pode vir a ser, a esperança final.
Embora Luz, Calor,Ventos e Marés abundem,
Maiores são os custos das transformações,
De energia bruta potencializada, em outras versões.


A humanidade, a crescer tem sido orientada,
Para consumir mais do que necessita,
E assim gerar lucros espúrios para alguns,
Com os salários dos trabalhadores dispensados.
Não levam em consideração, o custo global desta ação,
Que o Meio Ambiente tem a pagar, por esta aberração.


Evitar o consumo, desnecessário,
É a forma do desequilíbrio conter.
Se comer e beber além da cota dá prazer,
A saúde, a estética e a economia vão sofrer.
Embora médicos, empresas e empregados,
Felizes da vida, com isso vão viver.


Obras imobiliárias faraônicas desnecessárias,
Para as vaidades de poucos satisfazer,
Devem ser evitadas, para a poluição ambiental conter.
Preservar o que se tem, é comportamento racional,
É forma inteligente de se economizar para viver.
Necessário se torna portanto, procurar entender.


Sem revolucionar a economia mundial,
Este problema não vai se resolver
Somente com a redução do consumo supérfluo,
Há chances de se sobreviver.
Porque não há fórmulas mágicas estabelecidas,
Para este problema resolver.


Reduzir a carga populacional do mundo,
É o que a razão indica fazer,
E o processo a ser adotado nessa missão,
É a natalidade conter.
A seleção das sementes, é um ato natural,
Praticado por agricultores, e criadores também.


Fetos imperfeitos, condenados na vida a sofrer,
Devem ser impedidos, nesta jornada de concorrer.
Aos idosos e aos incuráveis, o direito de optar,
Se continuar na vida sofrendo, ou dela desertar.
Assim, contribuindo com os mais aptos,
Para a missão da vida terrestre preservar.


Rio de Janeiro, 25 de dezembro de 2.010 - Sábado
antidiospt@yahoo.com.br

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

POR QUE AINDA ACREDITO EM PAPAI NOEL

Durante toda a minha vida acreditei e continuo acreditando na existência de Papai Noel, o bom velhinho. Aquele que vive numa casinha acolhedora assentada em meio às neves da Lapônia. Emprega seu tempo todo fabricando, com a maior boa vontade e prazer, brinquedos para as crianças do mundo. Sabe de suas responsabilidades para o final de cada ano e as cumpre com rigor. Nessa época, sai em seu majestático trenó, arrastado pelas sempre fortes, fieis e dedicadas renas na sua viagem pelo globo, semeando alegria e felicidade para os infantes.

Muitas pessoas me perguntam como sou capaz de ser simplório durante tão longo tempo. Respondo que o bom velhinho existe mesmo, pois não há motivo para não existir alguém inteiramente dedicado a fazer brotar a felicidade na alma das cândidas crianças, sejam elas americanas, iraquianas ou afegãs, todas iguais. Já notaram o quanto é sincero e transparente um bebê nas suas expressões faciais? E segue assim enquanto estiver ligado ao círculo familiar. Merece, por isso, ser protegido com afeto e amor pelos pais, até que a força da correnteza social individualista o arranque dali para engrossar seu caudal coletivo, padronizado nos moldes desejados pelo sistema do ganha-ganha.

Todos nós deveríamos acreditar nas boas virtudes do Papai Noel e fazê-las prosperar contra as violências incrustadas na sociedade. As pessoas, em geral, desconhecem o prazer e conforto que me proporciona a fé inabalável na existência do Papai Noel. É de admirar a presteza e satisfação com que o bom velhinho exerce sua função inteiramente gratuita. Conta ele com apenas aquele antigo trenó e indômitas renas que nunca se cansam. Nunca fez acordos espúrios com políticos, sistemas econômicos e jamais praticou a corrupção ou utilizou sua imagem imaculada para outros fins que não fosse o bem. Ele é o baluarte de esperança de todas as futuras gerações.

Eu tenho que acreditar naquela valorosa e perfeita obra celeste, pois a criança que ainda habita meu ser tem todas as condições necessárias para viver num mundo de bondade, solidariedade, honestidade, sinceridade, amor, pureza, autenticidade de sentimentos e senso de justiça e gratidão, principalmente para com nossa mãe Terra que nos fornece todos os recursos necessários à vida; a minha e a de toda a biodiversidade.

Hoje aquele fantástico sonho infantil, que se tornou um ideal, está inteiramente transformado e descaracterizado pelos danosos interesses religiosos e comerciais. As renas foram substituídas por imensos aviões cargueiros; apareceram milhares de falsos Papais Noéis que nada têm a oferecer, senão o estímulo ao consumo. Papai Noel, nesta atual civilização, é uma imagem utilizada como instrumento para arrancar da alma dos incautos todas as formas de desejos de bens materiais. Os brinquedos de outrora, inocentes mas poderosos, que mexiam com a imaginação infantil, foram expulsos de suas mentes e substituídos por outros modernos, monstruosos, que geram e exigem sentimentos de posse, poder, ganância e violência.

Essa onda insensível e arrasadora que varre, por igual, as mentes das crianças e adultos e que descaracteriza os autênticos valores da racionalidade humana, encontra no verdadeiro Papal Noel a resistência indômita e o abrigo seguro para os que não se conformam com a escravidão mental.

Não obstante o desvirtuamento e exploração mercantil que fazem desse heróico ancião, eu insisto em continuar acreditando no bom velhinho porque nele está a boa e justa causa, sintetizada na honestidade, sinceridade e justiça que um dia hão de suplantar as atuais adversidades.

Nesse mundo de tanta hipocrisia, falsidade e destruição de valores, alguém tem que se opor a essa avalanche.

E esse alguém só pode ser o bom e suave velhinho, o verdadeiro Papai Noel da reminiscência de todos nós.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

DÚVIDAS SOBRE A DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Há pessoas que ainda duvidam que esteja havendo uma degeneração nos meios de vivência do planeta, tendo como causa, origem, agente, responsável, a ação materialista antropogênica moderna. Alegam que essa visão negativista se fundamenta em informações científicas equivocadas ou alarmistas, e que esses sinais climáticos atuais de transtorno são naturais e cíclicos. Que os estudos geológicos nos indicam a Terra já ter passado, nos últimos 500 milhões de anos, por pelo menos cinco períodos graves de extinção maciça da vida e se recomposta normalmente com seus próprios recursos.

Não nos preocupamos com o planeta em si, que ele sabe perfeitamente se defender, expulsando de sua convivência essa espécie humana tão irresponsável e ingrata. Nossa atenção está voltada justamente para que esse animal, qualificado como racional, inteligente, acorde para a situação de calamidade para a qual nós mesmos criamos.

Pois bem, ignoremos completamente todas as descobertas e conhecimentos científicos obtidos até o momento, porque já foram impregnadas inapelavelmente por interesses mercantis. Apaguemos de nossa mente os estudos fantásticos feitos pela geologia, pela paleontologia e áreas afins, com suas dúbias interpretações feitas por renomados mestres. Abstenhamo-nos de todos os conhecimentos obtidos pela observação e registro de longas gerações humanas, trazidas até nós pela cultura dos registros do conhecimento.

O que restará? Somente a inteligência, esse prodígio biológico evolutivo e recurso fantástico de autonomia e conscientização. Por ela, fica à nossa disposição esse fantástico e exclusivo recurso mental do raciocínio lógico. Por este valioso instrumento, adquirimos a capacidade que outros seres vivos não têm: a de observar, comparar, avaliar, refletir e, finalmente, deduzir. Pela dedução, passamos a conhecer um tipo diferente de luz que nos guia pelos caminhos da vida, enriquece o espírito e nos faz enxergar o que os olhos não mostram.

Deduzir é um fenômeno reprodutivo, isto é, tem a propriedade de nos fornecer elementos que vão sustentar e alimentar outros fenômenos mentais, tais como a indução, a ordenação, e propiciar o afloramento dos reflexos ou conseqüências: intuição, reflexão, conclusão. Diga-se, por oportuno, que essas ferramentas mentais foram o nascedouro da ciência, outrora frágil e sem nome. Sem esse jogo mental, o “homo sapiens” – maior predador mundial - não teria surgido, as leis evolucionárias não teriam sido contrariadas pelas tecnologias médicas, e o paraíso terrestre não teria sido corrompido.

Pois bem. Para perceber e se conscientizar do estágio em que nos encontramos na História, basta lançar mão de alguns argumentos lógicos, claros e evidentes para todos, prescindindo de todas as informações científicas.

Dispomos, atualmente, dos dados estatísticos do PIB mundial, sempre anunciados com satisfação e sorrisos como notícias grandiosas, como se fossem galardões. A China crescerá economicamente, em 2010, à taxa de 9%; o Brasil, à de 7%. No mundo, a média será de 2,3%. Nos anos anteriores houve desenvolvimento positivo – crescimento – nesses países e no mundo. Desde a grande revolução industrial do século XVIII, em ritmo geométrico, o mundo só faz crescer, estufar. Os recursos naturais do planeta, que se recompõem lentamente – ao compasso cósmico -, não suportam esse ritmo e já estão desfalcados em 40%. Em outras palavras: o exuberante planeta está se tornando anêmico pela ganância materialista de seus filhos, ditos racionais.

E a faina de cupidez, insaciável pela sua própria doentia motivação, continua a crescer. A população mundial cresce, o consumo supérfluo ou de conforto cresce, o capital monetário cresce. As atividades industriais, que nos trazem envenenamento para o meio ambiente, também crescem, provocando crescimentos gerais. No aspecto material, tudo cresce. Até quando, ó ingênuos?

As fábricas de automóveis crescem, e o espaço das ruas e estradas não acompanha esse inchaço. As de aparelhos eletrodomésticos, televisores, celulares e quinquilharias, modernos e atrativos, a que os indivíduos passam a desejar em substituição aos fora de moda de ontem, e que se transformam em lixo, também crescem, crescendo o lixo indestrutível. Até quando, ó não-pensantes?

Os meios de pagamento e créditos abundantes, cuja função deixa de ser social para ser econômica, sustentam o consumo contínuo e rápido, acompanhando e estimulando mais crescimento generalizado. E essas atividades estúpidas fazem crescer incessantemente o envenenamento das águas, atmosfera e terra; enfim, os meios de vivência dos seres vivos. Até quanto, ó insensíveis?

Alguém já viu ou teve notícia de algo que crescesse indefinidamente? Sem parar? Sem limite? Não existe. Na Natureza, o desenvolvimento, o progresso, o crescimento são feitos até atingir o seu predeterminado objetivo. Não vemos bactéria com volume de 1 km, nem humano com altura de 40 metros. Nem elefante do tamanho de uma mosca. Uma bola de futebol com raio de 60 metros seria uma aberração para o fim a que se destina. Tudo tem seu específico limite. Por que o crescimento econômico, predatório e suicida, tem que continuar mesmo sabendo-se que já ultrapassou em 40% a capacidade do planeta? Uma colônia de bactérias infectantes em um individuo cresce, cresce, e vai crescendo satisfeita e feliz. Essa felicidade festiva vai somente até que o limite-sustentável seja atingido pela morte do hospedeiro, o que ocasiona a falência de toda a comunidade. E a comunidade humana almeja crescer sempre, sem parar. Até quando, ó racionais?

Faz parte do sistema econômico vigente, construir um condicionamento mental para consumo de bens materiais, enquanto planeja e executa a destruição ou imobilização das energias espirituais de que os indivíduos possuem ao nascer. Citamos apenas que as escolas transmitem conhecimentos voltados para a melhoria do desempenho econômico. Põe o homem, inconscientemente, a seu serviço, destruindo dessa forma as potencialidades de criação livre que habitam, por natureza, o espírito e a mente sã. O sistema econômico vigente está desnaturando o homem. Até quando, ó inertes?

Nossas potencialidades mentais são tão poderosas que não necessitam de informações científicas para ver, enxergar, perceber, sentir, notar, compreender, pressentir que estamos destruindo nosso próprio meio de existência. E isso equivale a um suicídio em grande escala; talvez total. Até quando, ó inconscientes?

As dúvidas que ainda habitam a alma de diversas pessoas podem ser eliminadas de vez com os próprios recursos mentais e espirituais. A vida é riquíssima em suas facetas multiformes. Despertem por esforço próprio para a capacidade de visitar e conhecer as belezas dessas facetas que a natureza nos oferece de graça, diferentes das que estão acostumados a ver nas vitrines do comércio corrompido. Não continuem a ser escravos do sistema econômico. Até quando, ó aprisionados?

A população mundial, agente, base, sustentáculo e causa única dessa anomalia geológica, poderá continuar crescendo? Até quando, ó adormecidos?

Não tenham dúvidas; tenham certezas, ó leitores.















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domingo, 12 de dezembro de 2010

O MANTO DO SILÊNCIO

Reproduzimos abaixo um excelente e importante artigo escrito pela competente economista Miriam Leitão, publicado em “O Globo” de 28.11.10. É uma análise serena da posição dos personagens idealistas que participaram de um importante período histórico do Brasil. Esta divulgação é feita sob autorização que nos foi dada pela articulista em e-mail de 2.12.10.



“O MANTO DO SILÊNCIO

Eu posso explicar atos extremos cometidos por jovens durante a ditadura. Os que, naquela época, tomaram o poder empurraram os jovens para corredores estreitos que não levavam a outro caminho que não a radicalização ou omissão. O que não posso entender é como hoje, quatro décadas depois, se queira impedir o acesso à informação sobre aquele passado sob que pretexto for.

Pessoas que jamais fariam o que fizeram foram sendo envolvidas na lógica da radicalização. Mesmo os que não pegaram em armas, não entraram nos grupos mais radicais de guerrilha urbana ou rural, sabem da engrenagem do absurdo. Uma ditadura faz isso. Ela fecha portas a quem quer participar da política e influir nos rumos nacionais. A maioria se abstém; uma parte não está convencida de que haja possibilidade de fazer alguma diferença, os mais convictos querem fazer algo e, dentre eles, os mais afoitos acabam cometendo atos que os jogam no meio de uma guerra. Eles nada disso fariam se o governo não estivesse dominado por um poder ilegítimo e repressor como o que tivemos aqui de 1965 a 1985.

Há uma diferença entre os que, na oposição, praticaram atos que, aos olhos de hoje são condenáveis, e os que dentro do aparelho do Estado torturaram e mataram. Os primeiros são vítimas; os outros, algozes. Assim é e assim será, mesmo que haja casos de vítimas inocentes atingidas pelos dois lados. Nada justifica a ditadura. Nenhum argumento da época ou de hoje é sólido o suficiente para abonar atos condenáveis como as cassações políticas, perseguições, tortura e morte de opositores políticos. Como definiu Ulysses: “a sociedade foi Rubens Paiva e não os facínoras que o mataram.”

A presidente eleita participou desse confronto em que de um lado havia o terror de Estado e do outro um grupo reduzido de jovens. Alguns deles foram mais longe, pegaram em armas, se militarizaram, entraram em confronto físico, morreram ou viram seus amigos morrer. Ela diz que se orgulha desse passado, não deve ter medo de discuti-lo e explicá-lo às novas gerações. É natural que o Brasil queira conhecer a história da presidente que nos vai governar por quatro anos. Interromper esse debate por ato de censura, como foi o do Superior Tribunal Militar, no período pré-eleitoral, ou agora, sob a acusação de que toda aquela informação é lixo, é entrar numa contradição insanável. Quem tem orgulho do seu passado, quem acha inclusive que merece ser indenizado por ele, não pode impedir que ele seja conhecido de forma objetiva e completa. Não pode impor um roteiro edulcorado do passado, sob pena de criar mitos, versões falsas, manipular os fatos.

Todos os que eram jovens naquela época gostam hoje de se creditar pelos riscos que apenas alguns correram. Uma das verdades é esta: foram poucos os que tiveram coragem e conhecimento do que realmente se passava no país. Era difícil até obter a informação que levava os jovens à ação – armada ou não – contra o regime. A falsificação sufocante e majoritária era de um “país que vai pra frente”; a cobrança comum era de que toda crítica ao governo era um ato impatriótico. O país crescia no milagre dos anos 1970. Era mais fácil acreditar apenas na informação onipresente de que o governo estava certo e o presidente era muito popular porque era torcedor de futebol. A bolsa subia, o país estava com pleno emprego, e os poucos que chegavam à universidade tinham enormes chances. Sobre a vasta exclusão não se falava nos órgãos de imprensa, ou por censura ou por decisão editorial. Esperto era ser individualista, ganhar dinheiro e esquecer aqueles fatos incômodos levantados por alguns poucos de que o país estava num caminho inaceitável.

Ficou no imaginário popular e beleza das manifestações de l968. Mas aquilo foi por pouco tempo e no momento mais suave do regime. Depois, venho o Ato Institucional número 5. Em seguida, o terror de Estado. Quem subia em palanques para lutar com palavras foi empurrado para a radicalização. Quem foi o culpado pelo radicalismo? Ora, os comandantes militares e seus cúmplices civis que tinham o controle do Estado e usaram todas as instituições para sufocar qualquer contestação. Esse era o contexto. Não se pode julgar os jovens militantes de esquerda daquele tempo com os olhos de hoje. Estou convencida de que se, diante das manifestações de 1968, o regime tivesse reagido dialogando não haveria o que houve.

Hoje, 40 anos depois, o país tem que olhar para esse passado sem vetos. Nunca pequei em armas, mas posso entender quem o fez, porque vi o contexto e sei para onde o terrorismo de Estado empurrava os que, em vez de pensar só em si e nas suas carreiras, tinham vontade de influenciar os destinos do país. Mesmo que estivessem errados em suas convicções, estavam certos na atitude de se opor à ditadura. E foram os mais corajosos.

As novas gerações têm que olhar e debater esse passado. Há quem se pergunte se informações retiradas sob tortura podem ser publicadas. É uma dúvida legítima. Mas a imprensa – como tem feito em algumas matérias – está ouvindo de novo as testemunhas dos fatos, e, quando elas hoje confirmam o que disseram, qual é a justificativa para não publicar? Manter a versão única de quem hoje detém o poder é aceitar de novo a censura. Não há nada que justifique o manto do silêncio sobre o passado, como esse país fez tantas vezes com vários dos eventos históricos. Só a História resgatada e conhecida pode ensinar o país a não repetir os mesmos erros.”

Miriam Leitão

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

COP 16, UM MARCO HISTÓRICO

Iniciada em 19.11.2010, sob o patrocínio da ONU, a reunião mundial COP 16 está transcorrendo na forma tão imprevista e singular que julgamos necessária uma página em sua merecida homenagem.

Em harmonia com o diapasão imperante dos interesses econômicos ora prevalentes, essa assembléia está prosseguindo num silencio tão acentuado como o desejam seus participantes.

Nenhuma notícia tem ocupado o precioso tempo dos soberanos da mídia por absoluta inexistência de notícias. Nem alguma vagante nota ou comentário que carreasse, mesmo implicitamente, qualquer brisa do bem ou do mal. Naquele não-evento obteve-se uma vitória científica, contra toda a lógica física e ainda não compreendida pelas ciências naturais: a parada do tempo.

Ali não ocorre coisa nenhuma. Isso foge à compreensão humana, mas, pelas deduções racionais, assim é. É difícil entender a questão, mas sabemos que é um fato real, inquestionável, porém compatível com a ausência da passagem do tempo.

Não há discussões nem diálogos. Nem entendimentos nem desentendimentos. Os discursos, obrigatórios nesses encontros, são todos em absoluto e rígido estilo gongórico, apropriados ao objetivo de exaltação da inércia.

Nem ameaças, medos ou covardias. Nenhuma curiosidade da dinâmica terrestre. Nem mesmo são percebidos os compassos do dia e da noite. A insensibilidade e apatia absoluta reinam triunfantes.

Essa nulidade não apresenta interesse ou desinteresse para o mundo, ali formalmente representado. Nem neutralidade nem inocuidade nem negatividade. Nem qualquer referência ou avaliação ou código existem naquele espaço-tempo. Tão especial e ausente, nem foi previsto em qualquer equação relativista de Einstein ou na teoria quântica de Planck.

Nem clamores, choros, alteração de semblante. Nem sinais de cansaço nem necessidades espirituais ou mesmo corporais.

Nem velas nem preces nem lamentos ou soluços.

Nem sentimentos nem emoções. Nem há países ou nações defendendo seus interesses. Há apenas um ambiente de quietude e serenidade, onde reina de forma total a ausência.

Nem luar, estrelas, poesias, exultações. Também não há apatia nem tristeza. Nem angústia nem sofrimentos.

Nem amor nem amizade nem pensamento.

Nem oferendas aos deuses, que são muitos, nem abnegação a qualquer coisa que tenha uma definição.

Ali não há visão de deserto nem mar. Nem horizontes nem amplidão cósmica nem referência indefinida.

Nem percebem a luz nem a escuridão. Nem penumbra ou cisco de cores. Nem o cinzento de qualquer tom consegue ser notado.

É um ambiente que não é ambiente. O mundo o ignora por puro e simples desconhecimento de tanta inércia e lacuna absolutas.

Nem em túmulo essa reunião se transforma. Ainda não. Por isso, o tempo ali parou. Estamos apenas em 2010, e a mãe Natureza ainda resistirá por mais um ou dois decênios.

Essa reunião, assembléia ou algo cujo nome ninguém sabe, deverá terminar como começou: o vácuo comprimido entre nada e coisa nenhuma.

Mas constituirá um feito histórico, um marco definitivo no destino da vida terrena. Um sepulcro esplendoroso.

Será uma gloriosa e apoteótica consagração universal do Nada.