A TEMPERATURA SUBIU MAIS NOS ÚLTIMOS 150 ANOS
Uma nova pesquisa indica
que a temperatura média do planeta esteve mais alta na última década do que na
maior parte dos 11.300 anos anteriores. O estudo [A Reconstruction of
Regional and Global Temperature for the Past 11,300 Years], publicado nesta
quinta-feira pela revista Science, oferece um contexto de longo prazo para as
discussões sobre aquecimento global. Matéria de Renato Martins, na Agência Estado, com informações adicionais do EcoDebate.
A pesquisa tem o objetivo
de dar uma visão global das temperaturas da Terra nos últimos 11.300 anos – um
período relativamente ameno, conhecido como Holoceno, que começou ao fim da
última era glacial e cobre toda a civilização humana. O estudo mostra que uma
variação de 1 grau na temperatura média do planeta, que demorou 11 mil anos
para acontecer, foi replicada nos últimos 150 anos, desde o começo da Revolução
Industrial.
Dentro desse cenário, a
década entre 2000 e 2009 foi uma das mais quentes desde que esses dados
começaram a ser coletados, mas as temperaturas médias não romperam os níveis do
início do Holoceno. De acordo com a pesquisa, agora elas estão para chegar a
esses níveis. E, se os cientistas estão certos, o planeta estará mais quente em
2100 do que nos últimos 11.300 anos.
O estudo foi conduzido por
pesquisadores da Universidade Estadual de Oregon e da Universidade Harvard e
financiado pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA. Ele também tenta
responder a uma questão crucial: o salto na temperatura planetária registrado
nos últimos 150 anos pode ser explicado por variações naturais de longo prazo
ou são resultado das emissões de gases causadores do efeito estufa feitas por
atividade humana?
Os pesquisadores concluíram
que a causa é a atividade humana, por causa do caráter repentino da mudança de
temperatura, que parece destoar da tendência de longo prazo. “O que é diferente
é o ritmo da mudança. O que vimos nos últimos 150 anos é muito maior do que
vimos nos últimos 11 mil anos”, disse o líder da equipe de pesquisa, o
paleoclimatologista Shaun Marcott, da Universidade Estadual de Oregon.
Estimativa
O trabalho de estimar o clima
antigo da Terra se apoia em medições indiretas, tomadas a partir de fósseis
marinhos ou de amostras de gelo, que oferecem um registro físico das
temperaturas. Por exemplo, cientistas fazem organismos marinhos crescer a
temperaturas variáveis e vinculam mudanças na “assinatura química” de suas
conchas a diferentes temperaturas da água. Esses dados, por sua vez, são usados
para estudar fósseis marinhos. Para confirmar uma descoberta, os pesquisadores
verificam se os registros de temperaturas obtidas a partir de uma fonte, como a
dos fósseis marinhos, estão de acordo com os dados obtidos de outras fontes,
como o gelo escavado a diferentes profundidades.
A maioria dos cientistas
acredita que as emissões de gases causadores do chamado efeito estufa, como o
dióxido de carbono, é responsável pela elevação da temperatura da Terra. Outros
discordam. O debate é importante porque orienta a formulação de políticas
energéticas pelos governos e a regulamentação da atividade de várias
indústrias.
As projeções baseadas na
pesquisa indicam que a temperatura da atmosfera terrestre poderá subir de 2
graus a 5 graus Celsius até o ano 2100. “O relatório é conclusivo ao mostrar
que a Terra está se aquecendo. Em 2100, ela estará bastante mais quente do que
há 11 mil anos”, disse David Anderson, que dirige o programa de
paleoclimatologia da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA
(NOAA), e que não esteve envolvido com a pesquisa. As informações são da Dow
Jones.
Fonte: A
Reconstruction of Regional and Global Temperature for the Past 11,300 Years
Shaun A. Marcott, Jeremy D. Shakun, Peter U. Clark, and Alan C. Mix
Science 8 March 2013: Vol. 339 no. 6124 pp. 1198-1201DOI:10.1126/science.1228026
http://www.sciencemag.org/content/339/6124/1198.abstract
Shaun A. Marcott, Jeremy D. Shakun, Peter U. Clark, and Alan C. Mix
Science 8 March 2013: Vol. 339 no. 6124 pp. 1198-1201DOI:10.1126/science.1228026
http://www.sciencemag.org/content/339/6124/1198.abstract
EcoDebate, 08/03/2013
1 Comentários:
muito bom o blog, estão todos de parabéns!
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