quarta-feira, 22 de maio de 2013

SOMOS PRAGA NO PLANETA


Trata-se de uma seleção de artigos publicados na Internete, contendo num total de 93 abordagens, direta, indireta  ou simbolicamente sobre o ambientalismo, esse enfoque vital por que passa a humanidade.

Damos abaixo uma amostra da coletânea, justamente o artigo que deu nome ao livro.  

       SOMOS PRAGA NO PLANETA

     Praga tem diversas acepções, mas a definição objeto de nossas considerações é simplesmente a que se refere à quantidade excessiva de um fator num sistema, desqualificando o próprio sistema. Em outras palavras: presença em quantidade superior à que um sistema coeso consegue suportar. Essa situação só pode ocasionar o desequilíbrio entre as forças de qualquer ambiente, causando o desarranjo harmônico entre as partes e, consequentemente, o caos.  

  Sobre esse princípio são construídas as principais máquinas destrutivas para a guerra. Um exemplo simples é o da granada. Contido em espaço restrito, numa situação de estabilidade, basta o conteúdo ser transformado em gás para que ele cumpra sua missão química de expansão, causando a desordem pontual e suas calamitosas conseqüências. O poder destrutivo da granada se deve à extrema rapidez – praticamente instantânea – da ocorrência das fases do processo.

  No campo biológico, ocorre o mesmo roteiro apontado acima, só que em tempo muito mais lento. O dano, no entanto, pode ser considerado equivalente. A diferença também está na abrangência de cada fator. Enquanto a granada provoca seus males em área restrita, as ofensas à Natureza projetam as conseqüências trágicas para todo o planeta.

  Quando um agricultor verifica que apareceram insetos sugadores (digamos, o percevejo verde) em sua lavoura de soja, contrata um agrônomo para cuidar do problema. O profissional comparece ao campo de plantio e faz uma análise da situação. Colhe uma amostra estratificada e faz seu ajuizamento, no qual pondera diversas circunstâncias: tamanho e estágio vegetativo da lavoura, índice da incidência dos insetos, cálculos sobre capacidade de produção, custos diversos, etc. Após ponderar os dados obtidos, formará um juízo técnico para a ocasião.

  Poderá dizer ao agricultor que nada deve ser feito no combate aos insetos no momento. Acrescentará, naturalmente, que a invasão  ainda não constitui uma ameaça à lucratividade da colheita estimada.  Seu veredito vale para aquela visita, em função do aspecto econômico. Suas análises semanais posteriores guiarão as conclusões parciais ou definitivas. 

  Enquanto o agrônomo trabalha, os hóspedes indesejados, inocentes e alheios a tudo, continuam no seu labor natural de vida.  Estão ali, num campo farto de alimento e cumprem o objetivo natural da reprodução. O instinto não lhes informa nem eles são capazes de medir as conseqüências do crescimento populacional exagerado. Prosseguem o roteiro natural, em obediência ao imperativo genético    

 Não sabem que, ao ultrapassarem o ponto de equilíbrio, o agrônomo decretará a mudança do seu nome: deixará de se chamar percevejo verde, que lhe dá a identidade, e passará a ser simplesmente designado por praga, nome genérico terrível que iguala todos os seres que se atrevam a ser protagonistas do desequilíbrio do seu hábitat.

 A reação, a partir desse ponto, será violenta. É uma situação extrema de luta de vida ou morte. Nessa qualificação de praga, a decisão do profissional não mais será a de tolerância, mas a de combate mortal com uso de todo o arsenal disponível, inclusive o químico. Assim, a tragédia da mortandade naquele ambiente agrícola será irreversível. Os agrotóxicos varrerão da vida todos os habitantes da cultura, inclusive os inocentes insetos benéficos que ali estavam tentando manter o equilíbrio biológico. A devastação é total em benefício e defesa das plantinhas de soja que se reverterão em lucro. Esse mesmo lucro que preside a linguagem econômica. 

  Se tal lavoura fosse deixada ao seu próprio destino, sem assistência do profissional, o prejuízo para o lavrador seria total. Como fonte alimentícia para o percevejo, tenderia ao esgotamento total, levando à inanição e morte toda a comunidade hospedeira. As disponibilidades ambientais se extinguiriam e a situação mudaria para um estado caótico em que a tragédia não pouparia ninguém e somente a Natureza, no seu ritmo lento, saberia como estabilizar.

  O animal humano, que se faz representar em todo o globo por  população de quase 7 bilhões de indivíduos, com sua visão egoística e interferindo na dinâmica ecológica da terra, dos rios, dos mares, da atmosfera, provoca os mesmos danos que o percevejo da soja. A diferença é que, no exemplo citado, fizemos um enfoque no trabalho de um agricultor mantendo um objetivo produtivo.

Já no que diz respeito à situação real por que passa o planeta em seus recursos, a fome dos humanos é contínua e geometricamente cumulativa: fome alimentícia; fome de lucro; fome de comodismo; fome de grandeza; fome de vaidades; fome de supérfluos; fome de entesouramento.

Segundo os cálculos atualizados, as ações humanas retiram do planeta 30% a mais do que ele consegue disponibilizar pela dinâmica natural. Há, portanto, uma queima de capital, um déficit de recursos, uma desproporcionalidade, um desequilíbrio ambiental gravíssimo. Estamos gastando o precioso futuro para o qual nossos descendentes nascerão munidos da vã esperança de viver em ambiente sustentável. Estamos-lhes deixando heranças

materialmente ricas, mas recursos de vivência completamente esgotados e estéreis que só causarão surpresas, angústias, sofrimentos.

  Alguns animais demonstram possuir um instinto muito mais eficiente que a inteligência humana. Ante a visão crítica de uma superpopulação, certos animais procedem de modo inteiramente racional. O lemingue do ártico-europeu resolve o problema com o suicídio em massa. As abelhas excedentes de uma colméia abandonam o lar numa revoada incerta, procurando formar nova colônia. As lulas entram em coma pré-morte sobre seus próprios ovos, numa fantástica demonstração de renúncia à vida-elo em beneficio à vida-corrente.

  Não estamos recomendando suicídio a ninguém, mas sugerimos que o animal humano tem a capacidade mental de equacionar e solucionar seus problemas existenciais. Ainda há um tempo curtíssimo, mas alertamos que aos poucos ele se esvai, e a solução se tornará impossível. Nesse futuro próximo, nem o suicídio seria a solução ambiental do planeta.     

  Considerada a pegada ecológica, a população mundial equivale, no mínimo, a 100 vezes seu número nominal. Por isso, mudamos de nome. Não somos mais o animal racional, o rei dos seres vivos, o centro do universo; somos simplesmente praga. Deixamos de ser animais racionais para sermos predadores da própria mãe Terra, aquela que nos fornece, com amor e ternura, abrigo, alimento, vida.

  Dois fatores incisivos nos levam a essa situação trágica: o antropocentrismo e a ganância. Nós nos esquecemos de que o ecossistema inclui a biodiversidade e que nossa individualidade é transitória. Nós, como animal humano, não somos indivíduos, somos a humanidade, parte do todo planetário. Temos que colaborar com esse todo, sob o imperativo do amor e não em defesa de nossos mesquinhos interesses.  

  Nessa situação, só nos resta aguardar que um agrônomo celestial venha salvar a Vida planetária, tirando-nos a existência e toda a riqueza material que, paradoxalmente, teimamos em acumular.

  Somos praga no planeta. Não aceitamos esse nome, pois o egocentrismo de espécie cega nossa razão. Contudo, essa cegueira não impede que sejamos praga e, nessa qualidade, estamos selando nosso destino.     

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     

 

   

         

 

 

 

1 Comentários:

Às 17 de junho de 2013 às 13:15 , Anonymous Anônimo disse...

concordo que o homem seja a praga do planeta.
ao passar pela manhã no campo de santana - RJ. deparei com o massacre dos pequenos animaizinhos que ali habitam.
as obras que estão sendo feitas ali não respeitam os pobres animais.
a prefeitura é omissa.
quem vai salvar os pobres animais?

 

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